Quais os desafios das lideranças diante das novas configurações no mundo do trabalho?
O mundo que circunda as organizações é o mesmo que atravessa pandemias, crises sanitárias, econômicas e sociais. É também o mesmo mundo que passa por mudanças climáticas e guerras.
Esse mundo muda, se transforma e vive momentos disruptivos, como o de agora. As organizações, como organismos vivos, estão inseridas em contextos e realidades históricas e não são imunes às mudanças e ações do tempo.
Por isso, desenvolver habilidades e competências, como as soft skills, que são capazes de elevar a consciência e os limites da liderança para encarar os desafios e ultrapassar os obstáculos que surgem diante dessa nova perspectiva, é fundamental para iniciar um caminho de mais humanidade e prosperidade nas relações de trabalho.
Entenda como liderança e soft skills se encontram para uma gestão mais humana, eficaz e com melhores resultados na entrevista com o especialista e professor da Fundação Vanzolini, Márcio Camargo.
O mundo está mudando e os líderes precisam acompanhar as transformações no mundo do trabalho.
Para começar, acredito que um dos principais pontos da liderança atual é a questão do engajamento dos colaboradores. Uma pesquisa da Gallup mostrou que 85% dos trabalhadores não estão engajados nos seus trabalhos.
E o que fazer para engajar, então? Muitos líderes me fazem essa pergunta e a primeira coisa que respondo é: pare de tentar mudar as pessoas. A pergunta tem que partir de nós: Como nós, líderes, podemos nos adaptar a esse novo mundo? Como eu posso fazer com que meu time seja um time engajado?
Devemos começar por nós, para que então possamos engajar as pessoas no dia a dia. Outra coisa é não pensar em extrair o melhor das pessoas, e sim conquistar o melhor das pessoas. O que é bem diferente, pois elas só oferecem o melhor quando elas querem.
Nesse sentido, enquanto líderes, precisamos refletir sobre muitas coisas do mundo, o que era volátil, virou frágil. A pandemia nos mostrou isso.
O mundo está ansioso e o mundo complexo se tornou não linear, deixando claro que não temos mais controle de tudo. Mas nós seguimos querendo ter esse controle absoluto. É preciso parar de fazer microgerenciamento.
Bem, como disse, precisamos nos atualizar, olhar para um novo modelo de gerenciamento. Aquela gestão por meio de comando e controle, recompensas e punições era a forma de motivar os colaboradores.
Porém o cenário agora é outro. Esse modo virou obsoleto e o jeito de trabalhar com as pessoas mudou. A motivação agora é diferente, é intrínseca e tem, hoje, três pilares fundamentais para uma gestão de pessoas eficiente:
O primeiro é autonomia, que é o desejo de entregar resultados, seguindo seus próprios caminhos. Mas, para isso, é preciso ter alinhamento e o desafio do líder está em garantir o alinhamento entre as pessoas e os valores da organização.
O segundo é a maestria, que é a vontade que as pessoas têm de conhecer cada dia mais o que elas fazem, se aperfeiçoando cada vez mais.
Aqui, estamos falando do desenvolvimento de pessoas. O papel do líder é desenvolver pessoas e há muitas ferramentas para isso. E uma delas é o feedback. Como estamos usando o feedback? Como estamos falando com as pessoas?
Segundo o ranking elaborado pelo instituto Great Place To Work Brasil (GPTW), com as melhores empresas para se trabalhar, 46% das pessoas que atuam nessas corporações ficam nelas, justamente, por conta da possibilidade de desenvolvimento oferecida pela corporação.
Em terceiro, temos o propósito, que é o desejo que as pessoas têm de atuar em uma causa maior do que elas próprias. Dessa maneira, enquanto líderes, como e o quanto estamos trazendo de propósito para o trabalho das pessoas?
Quanto estamos comunicando do propósito da empresa para as pessoas? Devemos trazer as pessoas para o propósito da organização.
Como vimos acima, o engajamento dos colaboradores têm sido um grande desafio para as lideranças. E para que os líderes possam atuar nos três pilares motivacionais que destaquei, a palavra de ordem é confiança.
Assim, como líder, como estabeleço e mantenho a confiança da minha equipe? A primeira coisa é ter uma comunicação clara, transparente e direta. Possibilitar um espaço para olhar, falar e ouvir.
Desse modo, olhar as pessoas como pessoas é o desafio dos líderes nos dias de hoje e essa capacidade estabelece um ambiente de confiança, no qual se trabalha com justiça e imparcialidade.
Então, o desafio é trabalhar de modo que todos tenham espaços e oportunidades. E as ações de confiança devem estar presentes nas ações do dia a dia. Como uma ferramenta para desenvolver as práticas, temos o Management 3.0. O líder de hoje está ali.
Em relação à experiência do colaborador na organização, ela precisa acontecer a partir das ações de líderes, para além do RH. A experiência vai garantir a manutenção ou não dos talentos na sua organização.
Desse modo, destaco cinco etapas dessa jornada:
Primeira etapa, direto com RH, que é a atração de pessoas e o compartilhamento de proposta de valor e cultura da organização.
A partir da segunda etapa, que é a seleção, o líder precisa estar à frente. Ele precisa estar no momento da seleção, pois é ele e seu time que vai trabalhar com aquele colaborador, e não o RH.
Então, a liderança deve se preparar para fazer uma entrevista com qualidade. Mas como? Preparando perguntas estratégicas, lendo o currículo, pesquisando sobre o candidato nas redes sociais e sempre deixar um espaço e uma abertura para conversas.
Na terceira etapa, temos a integração. O onboarding tem que ser feito e pensado com e pela sua área e não deixar para o RH. Apresentar a pessoa no primeiro dia, ouvir ela falar, contar a história da empresa, das pessoas com quem vai trabalhar.
Uma ideia é destinar um colaborador para acompanhar a nova pessoa durante alguns dias, para acolher e integrar.
A quarta etapa é o engajamento, que destacamos acima os caminhos possíveis.
E, por fim, temos a quinta, que é preparar a saída de um funcionário. Precisamos cuidar disso, é preciso cuidar das demissões. O capital cultural de uma empresa está também no pensar em uma saída decente de um funcionário, de forma ética e respeitosa.
Na Fundação Vanzolini, temos cursos voltados à liderança e à gestão de pessoas em sintonia com as demandas de soft skills e novos caminhos no mundo do trabalho.
Como exemplo destaco dois deles: o Management 3.0 – Foundation (com certificação internacional) e o Liderança Ágil & Management 3.0.
Para finalizar, gostaria de destacar que, na jornada do colaborador, é preciso acompanhar sua performance e depois partir para o desenvolvimento. O líder precisa preparar as pessoas – caso contrário ele não subirá de cargo, pois não terá ninguém para o substituir.
Para uma gestão eficiente de pessoas, é preciso usar verdade, bondade e utilidade. São fundamentais esses três fatores no feedback.
Assim, poderemos ter um mundo melhor e mais justo para todos.
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