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Negócios Sociais e B-Corporations: o que são?

14 de março de 2024 | 11min de leitura
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Mais do que lucro, mais do que o mecanismo de compra e venda. Os negócios sociais têm objetivos maiores, que extrapolam o caixa e promovem, de fato, transformações na comunidade.

Em 2020, projetos de empreendedorismo social impactaram positivamente 622 milhões de pessoas ao redor do mundo. O levantamento é do relatório da Fundação Schwab, plataforma global que promove e apoia modelos inovadores nessa área, divulgado no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

Ainda de acordo com o relatório, os 10 países com mais projetos nessa área são Brasil, Etiópia, Índia, Quênia, México, Nigéria, África do Sul, Tanzânia, Uganda e Estados Unidos.

Mas o que são os negócios sociais? O que eles têm de diferente? Quais exemplos podemos encontrar aqui no Brasil? Quais os benefícios e como se tornar um negócio social? Para responder essas e outras questões, preparamos este artigo. Siga com a leitura!

O que são Negócios Sociais e B-Corporations?

Negócios sociais são um modelo de negócio que tem como objetivo integrar seus lucros com transformação social. Ou seja, as empresas sociais têm como foco a união entre seus ganhos financeiros e propósito, para que, de fato, sejam agentes transformadores de realidades.

Nesse sentido, essa solução chega para inovar a forma de produzir, na qual há integração com o meio, cuidado e responsabilidade diante de compromissos assumidos com a comunidade interna e externa.

Assim, os negócios sociais vão além da busca pelo lucro. Eles são pensados e desenvolvidos a partir da viabilidade econômica da intervenção, com base em estratégias e modelos de negócios, e com o desejo de contribuir na resolução de problemas socioambientais.

“Nada é impossível para os seres humanos”, diz Muhammad Yunus, que, em 1976, fundou o Grameen Bank, primeiro banco a oferecer microcrédito a milhões de pessoas – principalmente mulheres. A iniciativa foi extremamente bem-sucedida.

Yunus foi também quem cunhou o conceito de negócio social, no qual inverte a lógica predominante de que negócios são feitos apenas para dar dinheiro. Para ele, negócios podem – e devem – dar dinheiro, resolvendo problemas socioambientais.

Diante de sua contribuição na luta pela erradicação da pobreza, oferecendo oportunidade de desenvolvimento econômico para população sem renda, Muhammad Yunus ganhou o Nobel da Paz, em 2006.

Portanto, os negócios sociais são um modelo de negócio que existe com uma finalidade social e ambiental bem definida, direcionada e ativa.

Já a B-Corporations são as empresas que seguem determinados padrões de transparência, responsabilidade e desempenho. Essas organizações recebem os chamados Certificados B e, atualmente, vêm liderando um movimento global para redefinir o sucesso nos negócios.

Os certificados B Corp são emitidos para empresas que, voluntariamente, cumprem normas mais elevadas de transparência, responsabilidade e desempenho.

Vale destacar que as B-Corporations têm ganhado destaque no mercado, mostrando que há formas melhores de fazer negócios e que é possível gerar benefícios para mais pessoas.

Benefícios dos Negócios Sociais

Como falamos acima, um negócio social afeta um espaço muito maior que o metro quadrado de seu prédio. Assim, entre as características desse tipo de organização estão:

  • Comprometimento em melhorar a qualidade de vida da população de baixa renda, ao vender um produto ou serviço que contribui para isso.
  • O produto ou serviço principal é capaz de sustentar financeiramente a empresa, de forma que ela não dependa de doações ou captação de recursos para as suas operações.
  • Apresenta inovação no modelo de negócio.
  • Tem potencial de alcançar escala e operar de maneira eficiente.

Para isso, o processo de um negócio social considera:

  • Trabalho em rede, criando parcerias, de forma a fortalecer e ampliar o impacto da atuação do negócio.
  • Combate ao trabalho escravo, forçado ou infantil.
  • Cuidado com a cadeia produtiva (seleção e avaliação dos fornecedores).
  • Gerenciamento do impacto ambiental.
  • Articulação com as políticas públicas.

Por meio dessas ações, os impactos positivos são:

  • Inclusão de grupos de baixa renda na cadeia produtiva de valor.
  • Oferta de produtos e serviços de qualidade e com preços acessíveis.
  • Contribuição direta no acesso dos grupos de baixa renda a oportunidades e atendimento de necessidades básicas em saneamento, alimentação, energia, saúde e habitação.
  • Oferta de produtos e serviços que melhoram a produtividade dos mais excluídos, contribuindo indiretamente para o aumento de suas rendas. Como exemplo, venda de tecnologias a preços mais baixos e acesso ao crédito produtivo.

A importância de integrar o Negócio Social à gestão corporativa

No entanto, para que os resultados esperados e impactos desejados sejam alcançados, é fundamental que a gestão corporativa esteja alinhada à cultura de negócio social. A figura de líder que está, de fato, comprometido com a responsabilidade socioambiental da empresa é uma figura decisiva para que haja o engajamento de todo o time.

Para isso, há cursos e formações em gestão que têm como foco a sustentabilidade do negócio e seu impacto positivo na comunidade. Por meio de especialização na área, a liderança poderá ampliar sua atuação no mercado, incorporando práticas da sustentabilidade na gestão.

Sendo assim, o acesso à informação e o conhecimento especializado colaboram para compreender as possibilidades de negócios sociais, entender os desafios, gerir as pessoas e adquirir habilidades em ferramentas capazes de repensar processos e produtos, tornando a empresa mais sustentável, com mais estratégia e confiança.

Tecnologias e ferramentas aliadas

Assim como a gestão é fundamental para o engajamento de um negócio social, a inovação e a tecnologia também se fazem necessárias, especialmente no mundo digital no qual vivemos.

Assim, é importante saber que existem ferramentas capazes de promover e gerenciar iniciativas, mensurar resultados, alcançar o público certo e encontrar os parceiros ideais.

No caso dos negócios sociais, existe o conceito de inovações abertas, que propõe uma abordagem de inovação mais bem distribuída entre os stakeholders, mais participativa e descentralizada.

De acordo com o 3º Mapa de Negócios de Impacto Social, 8 em cada 10 empreendimentos sociais já usam tecnologias disruptivas para gerar impacto, como inteligência artificial, blockchain e big data.

Ou seja, ter domínio sobre essas ferramentas passa a ser essencial para que o negócio social atinja seus objetivos, além de colaborar para a transparência e segurança das ações.

Cases no Brasil

Mas quais são os negócios sociais que existem hoje no Brasil? Bem, temos aqui alguns cases para mostrar o quão real e possível eles são.

1.      Feira Preta

Esta feira começou como um brechó na Vila Madalena, Zona Oeste da cidade de São Paulo, e agora é o maior evento voltado para pessoas pretas da América Latina.

Em 2019, o evento movimentou aproximadamente 4 milhões de reais, gerando empregos e divulgando produtos de várias empresas, nas quais os donos são pessoas pretas.

2.      GRAACC

O Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC) é um instituto que oferece tratamento contra o câncer para crianças e adolescentes de todo Brasil.

A entidade já tratou mais de 5 mil pacientes, apresentando uma taxa de cura que fica em torno de 70%.

O GRAACC continua a investir no crescimento da empresa, com foco em atender mais pessoas e permitir que o tratamento contra o câncer seja acessível, independentemente da classe social.

3.      BOOMERA

Por meio da tecnologia, design e cooperativismo, a empresa Boomera atua na transformação de resíduos em matéria-prima reciclada. O lixo vira material para novas produções.

Vale destacar que, em 2022, a empresa entrou no ranking mundial de principais instituições de impacto social, tendo como clientes grandes empresas como Natura, Adidas, P&G e Nescafé.

4.      Editora MOL

A Editora MOL é considerada a maior editora de impacto social do mundo, pois, em parceria com diversas empresas, distribui material socioeducativo com conteúdo positivo e acessível.

Importante destacar que esses cases de modelos de negócios sociais tratam de organizações inteiras, mas é possível, por meio de ações de ESG, dentro das empresas dos mais diferentes segmentos, ter um negócio social, viabilizado, planejado e com foco em transformar a realidade próxima.

Caminhos para Negócios Sociais e B-Corporations  

Como podemos ver, os negócios sociais são uma realidade promissora e próspera. Sendo assim, cada vez mais o mercado se mostra aberto e interessado nesse tipo de organização corporativa.

Preocupar-se com questões que vão além dos muros da empresa, preocupar-se com o que acontece ao redor, na comunidade próxima e no mundo, e se colocar como uma empresa promotora de impacto socioambiental é uma estratégia fundamental para os dias atuais.

Mas como fazer esse movimento? Bem, o primeiro passo é se informar, buscar conhecimento sobre o assunto, buscar referências e olhar para outros negócios sociais.

Depois, é preciso procurar por formação específica na área e ter acesso às ferramentas capazes de colaborar com os processos. Os treinamentos e formações na área de negócios sociais e sustentabilidade são a mola propulsora para a mudança de chave, para expandir possibilidades e transformar a cultura organizacional.

Inclusive, a sustentabilidade está entre as principais tendências nos negócios para este ano de 2024. Desse modo, para um negócio se destacar perante o mercado, ganhar em competitividade e ter uma boa imagem diante de parceiros e clientes é essencial que se invista em práticas organizacionais sustentáveis.

Chegamos então ao próximo passo da jornada de negócio social, que é a obtenção de selos e certificados, que colaboram e atestam o compromisso da organização com o meio ambiente e com as comunidades interna e externa.

Fundação Vanzolini e cursos na área

Sabendo que um dos desafios dos negócios sociais é encontrar profissionais preparados para esse novo modelo, a Fundação Vanzolini oferece cursos voltados à gestão de operações e à sustentabilidade de negócios.

Entre os cursos, está a formação em Negócios Sociais e B-Corporations, com foco na construção de políticas de sustentabilidade e práticas voltadas para questões sociais.

Por meio do curso, os profissionais vão aprender sobre como são estabelecidas parcerias, modelos de financiamento e medidas de impacto na prática.

Outro curso é o Sustentabilidade em Gestão de Operações, no qual o participante poderá ampliar sua atuação no mercado, incorporando práticas da sustentabilidade na gestão de operações.

Assim, além de entender os desafios para a cadeia produtiva, você vai aprender ferramentas para repensar processos e produtos, além de impulsionar a agenda sustentável nas empresas com mais estratégia e confiança.

Por fim, outra formação na área é a de Economia Circular e Sustentabilidade na Cadeia Produtiva, que oferece uma visão importante sobre como a sustentabilidade pode fazer parte de toda a cadeia de produção, ganhando mais relevância e contribuindo para as mudanças realmente acontecerem.

Como vimos, o modelo de negócio social se destaca cada vez mais como possibilidade real e de impacto positivo no mundo, o que vai muito além do lucro.

Organizações que se tornam, de fato, agentes de transformação social são as organizações do futuro.

Então, se você deseja ter um negócio social dentro da sua empresa ou, enquanto profissional, deseja se especializar no tema para aprimorar o desenvolvimento na carreira, acesse nosso site e veja as oportunidades de ensino e aprendizado. 

Cursos da Fundação Vanzolini

Negócios Sociais e B-Corporations

Sustentabilidade em Gestão de Operações

Economia Circular e Sustentabilidade na Cadeia Produtiva

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Até o próximo! :)

Fontes:

uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2020/01/23/acoes-sociais-impactaram-622-milhoes-de-pessoas-em-20-anos-diz-relatorio.htm

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