Você já ouviu falar algo sobre Bicicletas Autônomas?
Elas são objeto de um estudo do núcleo de pesquisa CONECTICIDADE, que trabalha com o conceito de “Cidades Inteligentes”, isto é, a aplicação de tecnologias para oferecer um ambiente confortável e seguro para o cidadão ter mais qualidade de vida.
O grupo faz parte do Laboratório de Cidades, Tecnologia e Urbanismo, um dos laboratórios de pesquisa do Departamento de Engenharia de Produção da POLI-USP, coordenado pelo prof. Dr. Marcelo Pessôa.
“Muitas tecnologias foram desenvolvidas nesses últimos 40 anos, mas ainda não foram totalmente disseminadas para o uso no dia a dia das pessoas. A ideia dessas pesquisas é justamente ajudar na disponibilização de tecnologias, no sentido de permitirem a realização de atividades a um custo muito menor”, explica Pessôa.
A ideia surgiu quando alguém, um dia, passou por um pátio de bicicletas, também conhecido como “cemitério de bicicletas”, e identificou um problema: o excesso de descartes realizados pelos sistemas de compartilhamento de bicicletas e patinetes.
Embora os serviços de aluguel e empréstimo de bikes tenham surgido como uma alternativa na busca por uma mobilidade urbana sustentável e econômica, eles geram complicações sérias quando a vida útil desses veículos acaba e eles precisam ser levados para algum lugar que sirva como depósito.
“Tudo parte de um problema”, afirma o prof. Dr. Daniel Mota, ao apresentar o case no Painel Inovação Tecnológica na Logística, promovido pelo Canal Logweb. “Dentro de uma abordagem científica, observamos o problema, buscamos por referenciais de situações semelhantes – de quem entende ou já viu sobre o assunto – e, na sequência, começamos a formulação e teste de hipóteses. A partir dessa estrutura, as ideias começam a fluir”.
Em sua explanação, o professor da POLI-USP detalhou o estudo: “Na prática, testamos de maneira estruturada como resolver esse problema por meio de um veículo que apelidamos de Persuasive Electric Vehicle (PEV), no qual existe uma ação autônoma e uma estrutura que cumpre o papel de se locomover por meio de visão computacional, GPS, radar e sensores. Esse modelo do produto (veículo) é muito limitado em questão de negócios, pois, digamos que as pessoas deixem o seu carro em casa e comecem a se locomover por meio de bicicletas, teríamos aquele pico no início e no final do dia. Por isso, pensamos: ‘por que não utilizar esse transporte para transportar carga?’ A proposta do PEV é transportar pessoas em alguns momentos e cargas em outros momentos, assim, eu tenho uma concentração maior do meu ativo e consequentemente maior lucro” explicou Mota, que é professor e coordenador de alguns cursos relacionados à área de Logística na Fundação Vanzolini.
O docente conta que, do ponto de vista logístico, percebe-se que os desafios para se fazer uma logística em uma cidade são infindáveis, pois a cidade tem diversos problemas durante o dia em termos de segurança, trânsito, volume, clima, sazonalidade e complexidade. Pensando nisso, foi construído um simulador que representa a operação em uma cidade, no qual se pode pegar carga e pessoas e entregá-las. O próximo passo foi fazer o dimensionamento da frota. “Temos o fluxo de veículos e conseguimos ver em tempo real como está o congestionamento. Podemos verificar quais trechos da cidade têm o melhor caminho naquele momento e, em especial, esse projeto ajudou a prefeitura de São Paulo a identificar lugares em potenciais para se colocar uma estação de metrô e que impactaria menos possível no trânsito. Com esse sistema, também é possível monitorar o trânsito em tempo real, passando a ter uma ferramenta de gestão”, conclui Daniel Mota.
E assim, partindo do problema com “cemitério de bicicletas”, o grupo de pesquisadores passou pela criação de bicicletas autônomas e chegou a sistemas que possibilitam ligar e desligar determinados sinais do trânsito e fazer a sua gestão.
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