Confira perguntas e respostas para você fazer parte da construção de ambientes mais inclusivos
“Nós somos todos habitantes neurodiversos do planeta, porque não há duas mentes neste mundo que possam ser exatamente iguais.” A afirmação é da socióloga australiana Judy Singer, que cunhou o termo ‘neurodiversidade’ na década de 1990.
Apesar de não ser um conceito novo, a neurodiversidade tem ganhado cada vez mais espaço de discussão, influenciando mudanças de comportamento no ambiente de trabalho e no universo escolar.
O termo faz referência às várias composições neurológicas dos seres humanos, ressaltando que a mente pode funcionar de maneiras distintas e que as diferenças são variações do cérebro.
Hoje, mais do que um conceito, a neurodiversidade é um movimento de justiça social, que defende a igualdade, a inclusão e o diagnóstico de pessoas neurodiversas.
O transtorno do espectro autista (TEA) faz parte desse grupo. Para contribuir com a discussão e dar visibilidade ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, criamos uma seção de perguntas e respostas.
As informações são da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Center of Desease, órgão ligado ao governo dos Estados Unidos, e de uma profissional especializada em inclusão. Confira!
O transtorno do espectro autista (TEA), também chamado de autismo, é uma condição do neurodesenvolvimento que tem seus primeiros sinais na infância e que persiste ao longo da vida adulta.
O modo de interagir com o mundo é diferente para essas pessoas, que podem apresentar desafios de interação social, de comunicação e de comportamento. Também são comuns interesses restritos e repetitivos, como a repetição de palavras, frases e movimentos; uso de objetos de maneira diferente do habitual; e sensibilidade a texturas.
No entanto, as habilidades e necessidades, assim como o funcionamento intelectual em indivíduos com TEA, são extremamente variáveis. Enquanto algumas pessoas vivem de forma totalmente independente, outras requerem cuidados e apoio ao longo da vida.
Segundo dados do Center of Desease, estima-se que uma em cada 44 crianças de 8 anos tenha TEA.
Os estudos epidemiológicos apontam que a prevalência do transtorno do espectro autista esteja aumentando globalmente. Entre as possíveis justificativas para isso está o aumento da conscientização sobre o tema e, consequentemente, a busca por diagnóstico.
O diagnóstico do TEA é clínico, ou seja, não existe um exame laboratorial ou de imagem que possa comprová-lo. A avaliação deve ser feita por um profissional de saúde especializado, como neuropediatra ou psiquiatra infantil, com base em critérios definidos internacionalmente.
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, a avaliação de crianças com TEA pode ser feita já a partir de 18 e 24 meses.
O diagnóstico na primeira infância é importante para promover o desenvolvimento e o bem-estar das crianças. Intervenções psicossociais baseadas em evidências, como o tratamento comportamental e programas de treinamento de habilidades para pais e outros cuidadores, podem reduzir as dificuldades de comunicação e comportamento social, com impacto positivo no bem-estar e na qualidade de vida da criança.
A família e cuidadores têm um papel essencial no apoio a uma criança com o transtorno do espectro autista. Eles podem ajudar a garantir o acesso à saúde, à educação e a outros serviços e oportunidades disponíveis, assim como oferecer um ambiente estimulante à medida que a criança cresce, essencial para contribuir para o seu desenvolvimento.
É importante que os profissionais de saúde recebam treinamento para que possam reconhecer e valorizar a neurodiversidade e apoiar as pessoas com autismo e seus cuidadores da maneira mais apropriada e eficaz.
A fonoaudióloga Beatriz Lopes Versolla, especialista em inclusão na primeira infância e uma das consultoras convidadas pela área de Gestão de Tecnologias da Educação (GTE), da Fundação Carlos Alberto Vanzolini, para apoiar a elaboração de uma formação sobre Educação Especial, alerta que o TEA ainda carrega um forte estigma de doença intelectual, que compromete a capacidade de aprendizagem e de interação social, uma interpretação fortemente equivocada.
Segundo a especialista, o transtorno do espectro autista não é uma doença, mas uma condição do indivíduo e, por isso, não há uma cura, mas sim o desenvolvimento das potencialidades de cada criança ou adulto autistas.
“Todas as pessoas autistas são capazes de aprender, independentemente do nível de suporte que necessitam”, pontua, ao tratar da importância da inclusão das crianças no ambiente escolar.