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Gestão de resíduos hospitalares: desafios e boas práticas

Postado em Certificação | 12 de agosto de 2025 | 11min de leitura
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Quando se trata de resíduos hospitalares, o descarte no lixo não é suficiente. O gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) é muito mais complexo e um dos desafios mais urgentes enfrentados pelos sistemas de saúde em todo o mundo.

O descarte inadequado desses resíduos representa uma séria ameaça à saúde pública e ao meio ambiente, com potencial para contaminar o solo, a água, o ar e disseminar doenças infecciosas.

Dessa forma, a gestão de lixo hospitalar responsável e em conformidade com a legislação vigente é fundamental para garantir a segurança dos profissionais de saúde, pacientes e da população em geral. Siga a leitura e conheça os impactos do descarte irregular e as boas práticas para mudar esse cenário.

O que são resíduos hospitalares?

De acordo com o Manual de Gerenciamento de Resíduos Sólidos em serviços de saúde, Resíduos de Serviços da Saúde (RSS) são definidos como resíduos resultantes das atividades exercidas por estabelecimentos prestadores de serviços de saúde, como:

  • Hospitais;
  • Clínicas médicas, veterinárias, odontológicas;
  • Farmácias;
  • Ambulatórios;
  • Postos de saúde;
  • Laboratório de análises clínicas;
  • Laboratórios de análises de alimentos;
  • Laboratórios de pesquisa;
  • Consultórios médicos e odontológicos;
  •  Empresas de biotecnologia;
  • Casas de repouso;
  • Funerárias.

Os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) podem ser classificados em diferentes categorias, de acordo com suas características e riscos potenciais. As principais categorias de resíduos de saúde, de acordo com a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e a RDC ANVISA, são:

  • Grupo A (Resíduos Infectantes): sangue, fluidos corporais, tecidos, órgãos, materiais perfurocortantes contaminados, culturas e estoques de microrganismos, resíduos de isolamento de pacientes com doenças infectocontagiosas, entre outros.
  • Grupo B (Resíduos Químicos): medicamentos vencidos ou descartados, reagentes químicos, solventes, desinfetantes, resíduos de revelação de filmes radiográficos, entre outros.
  • Grupo C (Resíduos Radioativos): materiais contaminados com radionuclídeos, provenientes de procedimentos de medicina nuclear, radioterapia e exames de diagnóstico por imagem.
  • Grupo D (Resíduos Comuns): papel, papelão, plástico, vidro, metal, alimentos, resíduos de varrição, entre outros, que não apresentam risco biológico, químico ou radioativo.
  • Grupo E (Resíduos Perfurocortantes): agulhas, seringas, bisturis, lâminas de vidro, ampolas, entre outros materiais perfurocortantes, que podem estar contaminados com sangue e outros fluidos corporais.

Quais os desafios da gestão de resíduos hospitalares?

Segundo o Ministério da Saúde, os RSS representam uma fonte de risco à saúde e ao meio ambiente, principalmente pela falta de adoção de procedimentos técnicos adequados no manejo dos diferentes resíduos, como material biológico contaminado, objetos perfurocortantes, peças anatômicas, substâncias tóxicas, inflamáveis e radioativas.

De acordo com o Manual – Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde (2006), nas décadas anteriores, a população brasileira cresceu cerca de 16,8%, enquanto a geração de resíduos aumentou mais de 48% (IBGE, 1989–2000).

No entanto, os dados mais recentes do Censo Demográfico de 2022 mostram que a população do Brasil cresceu apenas cerca de 6,5% entre 2010 e agosto de 2022, totalizando cerca de 203 milhões de habitantes, com uma taxa média anual de crescimento de apenas 0,52%, a menor da série histórica do IBGE.

Segundo o relatório da ABRELPE (2024), o Brasil gerou cerca de 293 mil toneladas de RSS, com média de 1,4 kg/hab/ano só no segmento hospitalar. A região Sudeste é responsável por 66,5% do total, com uma geração de aproximadamente 195 mil toneladas de RSS em 2023. Esses dados indicam que, apesar da desaceleração demográfica, a geração de resíduos de saúde ainda é muito alta.

Dessa forma, o descarte inadequado de resíduos tem produzido passivos ambientais que ameaçam os recursos naturais e comprometem a qualidade de vida das atuais e futuras gerações.

Veja a seguir os principais desafios e impactos dos resíduos hospitalares:

Impacto ambiental e sanitário

O descarte inadequado de resíduos hospitalares pode causar graves impactos ambientais e sanitários, como a contaminação do solo, da água e do ar por substâncias tóxicas e agentes infecciosos. Isso pode levar à proliferação de doenças, afetar a qualidade de vida da população e comprometer a sustentabilidade ambiental.

Para mitigar esses riscos, é crucial implementar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), que contemple todas as etapas do processo, desde a segregação na fonte até a destinação final ambientalmente adequada.

Classificação e separação correta dos resíduos

A classificação e separação correta dos resíduos hospitalares é essencial para garantir a segurança dos trabalhadores, a eficiência do tratamento e a minimização dos impactos ambientais.

No entanto, muitos profissionais de saúde ainda não estão familiarizados com as diferentes categorias de resíduos e suas respectivas formas de manejo, o que pode levar à mistura inadequada de materiais e comprometer a segurança do processo.

A capacitação e o treinamento contínuo dos profissionais são fundamentais para garantir a correta segregação dos resíduos na fonte e o cumprimento da legislação.

Tratamento e destinação final adequada

O tratamento e a destinação final adequada dos resíduos hospitalares são etapas cruciais para garantir a segurança sanitária e ambiental. Existem diferentes métodos de tratamento, como a autoclavagem (esterilização por vapor), a incineração (queima controlada), a desinfecção química e o tratamento por microondas.

A escolha do método mais adequado depende das características dos resíduos e das tecnologias disponíveis. A destinação final deve ser realizada em aterros sanitários licenciados ou em outras instalações que atendam aos requisitos legais e ambientais.

Custos e logística da gestão de resíduos hospitalares

A gestão eficiente dos resíduos hospitalares envolve custos significativos, relacionados à coleta, transporte, tratamento e destinação final.

Além disso, a logística complexa e a necessidade de garantir a segurança em todas as etapas do processo representam desafios adicionais.

Para otimizar os custos e a eficiência da gestão de resíduos, é importante adotar estratégias como a redução na fonte, a capacitação da equipe e a busca por parcerias com empresas especializadas.

Boas práticas para um gerenciamento de resíduos hospitalares eficiente

No Brasil, a gestão de resíduos hospitalares é orientada por órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o CONAMA, que estabelecem normas e regulam a atuação dos diferentes agentes envolvidos na geração e no manejo dos resíduos de serviços de saúde, com o objetivo de preservar a saúde e o meio ambiente.

Sendo assim, desde o início da década de 90, esses órgãos vêm atuando no sentido da correta gestão, do correto gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde e da responsabilização do gerador. Um marco desse esforço foi a publicação da Resolução CONAMA, que definiu a obrigatoriedade dos serviços de saúde elaborarem o Plano de Gerenciamento de seus resíduos.

Inclusive, o plano está entre as boas práticas voltadas à gestão do lixo hospitalar, que conta ainda com:

  • Treinamento e capacitação contínua da equipe: é fundamental que todos os profissionais de saúde estejam devidamente treinados e capacitados para realizar a segregação, o acondicionamento, o transporte interno e o armazenamento temporário dos resíduos de forma segura e eficiente.
  • Implementação de um PGRSS: o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) é um documento que estabelece as diretrizes e procedimentos para o manejo adequado dos resíduos em todas as suas etapas.
  • Uso de tecnologias e sistemas de rastreamento: a adoção de tecnologias como códigos de barras, etiquetas RFID e sistemas de gestão de resíduos pode facilitar o controle e o rastreamento dos resíduos, desde a geração até a destinação final.
  • Parcerias com empresas especializadas: a contratação de empresas especializadas na coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos pode garantir a segurança e a eficiência do processo, além de reduzir os custos para o estabelecimento de saúde.
  • Conformidade com a legislação: é fundamental que o gerenciamento de resíduos hospitalares seja realizado em conformidade com a legislação vigente, a fim de evitar multas, penalidades e riscos à saúde pública e ao meio ambiente.
  • Redução na geração de resíduos: a adoção de práticas como o uso consciente de materiais, a reutilização de produtos e a reciclagem pode contribuir para a redução do volume de resíduos gerados e dos custos associados ao seu manejo.
  • Gestão de resíduos químicos: os resíduos químicos devem ser gerenciados de acordo com suas propriedades e riscos, com atenção especial à incompatibilidade entre diferentes substâncias.
  • Gerenciamento de resíduos radioativos: os resíduos radioativos exigem cuidados especiais de manuseio, armazenamento e destinação, a fim de garantir a proteção dos trabalhadores e do meio ambiente.

Caso de sucesso no gerenciamento eficiente de resíduos hospitalares

O IBCC Oncologia – Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, referência em cuidado integral, alcançou, em 2025, avanços significativos no gerenciamento de resíduos hospitalares, consolidando-se como exemplo de responsabilidade ambiental no setor da saúde.

Entre as iniciativas que levaram a instituição a alcançar esse lugar de referência estão a implementação de coleta seletiva, capacitação contínua dos colaboradores e soluções simples como o acompanhamento diário dos setores, que impactam significativamente nos resultados.

Além disso, o IBCC desenvolveu um programa robusto que classifica, segrega e trata os resíduos conforme o risco e a natureza de cada material.

Como resultado de uma gestão ambiental sólida e comprometida, o instituto alcançou a redução de mais de 40% dos resíduos infectantes nos últimos quatro anos.

Gestão de resíduos hospitalares: desafios e boas práticas

Por fim, é importante destacar que a gestão de resíduos hospitalares é um desafio complexo, mas fundamental para garantir a segurança e a saúde de todos.

Com planejamento, investimento em tecnologias, capacitação da equipe e cumprimento da legislação, é possível transformar esse desafio em uma oportunidade para promover a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental no setor da saúde.

As organizações de saúde, que investem em boas práticas de gerenciamento de resíduos, não apenas cumprem com suas obrigações legais e éticas, mas também se posicionam como instituições socialmente responsáveis, comprometidas com a proteção da saúde pública e do meio ambiente.

A capacitação contínua e a busca por soluções inovadoras são o caminho para um futuro mais seguro e sustentável para todos.

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Tendo como diferencial o embasamento nos conhecimentos acadêmicos da Engenharia de Produção, a Vanzolini traduz demandas e desenvolve Estudos e Projetos, que asseguram diagnósticos precisos e adaptação às normas e padrões vigentes, entre outras demandas das organizações modernas.

Além disso, a Fundação Vanzolini foca no resultado duradouro, com  ênfase na transferência do conhecimento gerado nos projetos e na capacitação das equipes de parceiros e contratantes, garantindo a  constância das boas práticas e da eficiência de gestão a longo prazo.

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Leia mais em:

O impacto das certificações nos serviços de saúde: qualidade, segurança e eficiência

Como fazer a gestão de riscos em saúde com a ONA

O papel da Certificação ONA na redução de infecções hospitalares

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Fontes:

Manual – Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde

Abrema

Os resíduos de serviço de saúde e seus impactos ambientais: uma revisão bibliográfica

Com pandemia, resíduos hospitalares crescem e ameaçam saúde ambiental, diz OMS

IBCC Oncologia reforça práticas ESG com avanço no gerenciamento de resíduos

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