Quando se trata de resíduos hospitalares, o descarte no lixo não é suficiente. O gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) é muito mais complexo e um dos desafios mais urgentes enfrentados pelos sistemas de saúde em todo o mundo.
O descarte inadequado desses resíduos representa uma séria ameaça à saúde pública e ao meio ambiente, com potencial para contaminar o solo, a água, o ar e disseminar doenças infecciosas.
Dessa forma, a gestão de lixo hospitalar responsável e em conformidade com a legislação vigente é fundamental para garantir a segurança dos profissionais de saúde, pacientes e da população em geral. Siga a leitura e conheça os impactos do descarte irregular e as boas práticas para mudar esse cenário.
De acordo com o Manual de Gerenciamento de Resíduos Sólidos em serviços de saúde, Resíduos de Serviços da Saúde (RSS) são definidos como resíduos resultantes das atividades exercidas por estabelecimentos prestadores de serviços de saúde, como:
Os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) podem ser classificados em diferentes categorias, de acordo com suas características e riscos potenciais. As principais categorias de resíduos de saúde, de acordo com a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e a RDC ANVISA, são:
Segundo o Ministério da Saúde, os RSS representam uma fonte de risco à saúde e ao meio ambiente, principalmente pela falta de adoção de procedimentos técnicos adequados no manejo dos diferentes resíduos, como material biológico contaminado, objetos perfurocortantes, peças anatômicas, substâncias tóxicas, inflamáveis e radioativas.
De acordo com o Manual – Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde (2006), nas décadas anteriores, a população brasileira cresceu cerca de 16,8%, enquanto a geração de resíduos aumentou mais de 48% (IBGE, 1989–2000).
No entanto, os dados mais recentes do Censo Demográfico de 2022 mostram que a população do Brasil cresceu apenas cerca de 6,5% entre 2010 e agosto de 2022, totalizando cerca de 203 milhões de habitantes, com uma taxa média anual de crescimento de apenas 0,52%, a menor da série histórica do IBGE.
Segundo o relatório da ABRELPE (2024), o Brasil gerou cerca de 293 mil toneladas de RSS, com média de 1,4 kg/hab/ano só no segmento hospitalar. A região Sudeste é responsável por 66,5% do total, com uma geração de aproximadamente 195 mil toneladas de RSS em 2023. Esses dados indicam que, apesar da desaceleração demográfica, a geração de resíduos de saúde ainda é muito alta.
Dessa forma, o descarte inadequado de resíduos tem produzido passivos ambientais que ameaçam os recursos naturais e comprometem a qualidade de vida das atuais e futuras gerações.
Veja a seguir os principais desafios e impactos dos resíduos hospitalares:
O descarte inadequado de resíduos hospitalares pode causar graves impactos ambientais e sanitários, como a contaminação do solo, da água e do ar por substâncias tóxicas e agentes infecciosos. Isso pode levar à proliferação de doenças, afetar a qualidade de vida da população e comprometer a sustentabilidade ambiental.
Para mitigar esses riscos, é crucial implementar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), que contemple todas as etapas do processo, desde a segregação na fonte até a destinação final ambientalmente adequada.
A classificação e separação correta dos resíduos hospitalares é essencial para garantir a segurança dos trabalhadores, a eficiência do tratamento e a minimização dos impactos ambientais.
No entanto, muitos profissionais de saúde ainda não estão familiarizados com as diferentes categorias de resíduos e suas respectivas formas de manejo, o que pode levar à mistura inadequada de materiais e comprometer a segurança do processo.
A capacitação e o treinamento contínuo dos profissionais são fundamentais para garantir a correta segregação dos resíduos na fonte e o cumprimento da legislação.
O tratamento e a destinação final adequada dos resíduos hospitalares são etapas cruciais para garantir a segurança sanitária e ambiental. Existem diferentes métodos de tratamento, como a autoclavagem (esterilização por vapor), a incineração (queima controlada), a desinfecção química e o tratamento por microondas.
A escolha do método mais adequado depende das características dos resíduos e das tecnologias disponíveis. A destinação final deve ser realizada em aterros sanitários licenciados ou em outras instalações que atendam aos requisitos legais e ambientais.
A gestão eficiente dos resíduos hospitalares envolve custos significativos, relacionados à coleta, transporte, tratamento e destinação final.
Além disso, a logística complexa e a necessidade de garantir a segurança em todas as etapas do processo representam desafios adicionais.
Para otimizar os custos e a eficiência da gestão de resíduos, é importante adotar estratégias como a redução na fonte, a capacitação da equipe e a busca por parcerias com empresas especializadas.
No Brasil, a gestão de resíduos hospitalares é orientada por órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o CONAMA, que estabelecem normas e regulam a atuação dos diferentes agentes envolvidos na geração e no manejo dos resíduos de serviços de saúde, com o objetivo de preservar a saúde e o meio ambiente.
Sendo assim, desde o início da década de 90, esses órgãos vêm atuando no sentido da correta gestão, do correto gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde e da responsabilização do gerador. Um marco desse esforço foi a publicação da Resolução CONAMA, que definiu a obrigatoriedade dos serviços de saúde elaborarem o Plano de Gerenciamento de seus resíduos.
Inclusive, o plano está entre as boas práticas voltadas à gestão do lixo hospitalar, que conta ainda com:
O IBCC Oncologia – Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, referência em cuidado integral, alcançou, em 2025, avanços significativos no gerenciamento de resíduos hospitalares, consolidando-se como exemplo de responsabilidade ambiental no setor da saúde.
Entre as iniciativas que levaram a instituição a alcançar esse lugar de referência estão a implementação de coleta seletiva, capacitação contínua dos colaboradores e soluções simples como o acompanhamento diário dos setores, que impactam significativamente nos resultados.
Além disso, o IBCC desenvolveu um programa robusto que classifica, segrega e trata os resíduos conforme o risco e a natureza de cada material.
Como resultado de uma gestão ambiental sólida e comprometida, o instituto alcançou a redução de mais de 40% dos resíduos infectantes nos últimos quatro anos.
Por fim, é importante destacar que a gestão de resíduos hospitalares é um desafio complexo, mas fundamental para garantir a segurança e a saúde de todos.
Com planejamento, investimento em tecnologias, capacitação da equipe e cumprimento da legislação, é possível transformar esse desafio em uma oportunidade para promover a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental no setor da saúde.
As organizações de saúde, que investem em boas práticas de gerenciamento de resíduos, não apenas cumprem com suas obrigações legais e éticas, mas também se posicionam como instituições socialmente responsáveis, comprometidas com a proteção da saúde pública e do meio ambiente.
A capacitação contínua e a busca por soluções inovadoras são o caminho para um futuro mais seguro e sustentável para todos.
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Leia mais em:
O impacto das certificações nos serviços de saúde: qualidade, segurança e eficiência
Como fazer a gestão de riscos em saúde com a ONA
O papel da Certificação ONA na redução de infecções hospitalares
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Fontes:
Manual – Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde
Os resíduos de serviço de saúde e seus impactos ambientais: uma revisão bibliográfica
Com pandemia, resíduos hospitalares crescem e ameaçam saúde ambiental, diz OMS
IBCC Oncologia reforça práticas ESG com avanço no gerenciamento de resíduos