O lançamento da ferramenta criada com Inteligência Artificial – IA, chamada ChatGPT, causou um grande alvoroço, ao final do ano passado, mostrando que é possível conversar sobre qualquer assunto e obter respostas rápidas, ao simular um diálogo com uma pessoa de verdade.
Máquinas e programas baseados em IA já vinham causando grande espanto há algum tempo, mas nada parecido com o ChatGPT, que surgiu sem aviso prévio e ainda está desencadeando reflexões a respeito dos seus limites e das consequências da sua utilização tanto no mercado como na vida das pessoas.
Empregos estão ameaçados? Quais funções humanas podem ser substituídas pela inteligência artificial? E quais serão aprimoradas?
Aqui, vamos abordar essas questões. Tenha uma boa leitura!
Antes de tudo, é importante uma compreensão mínima do que se trata a Inteligência Artificial – IA.
A palavra mais importante para quem está começando a querer entender esse conceito é “prever”, ou melhor, “previsão” (o termo técnico correto é predição). Isto porque computadores e máquinas basicamente olham para o passado para tentar prever o futuro.
Do ponto de vista acadêmico, Inteligência Artificial – IA é um campo de estudo da Ciência da Computação. Ou seja, não se trata de um termo da moda, uma novidade passageira. Pelo contrário, a IA é um conceito de mais de 70 anos.
A principal característica da IA é sua capacidade de imitar a inteligência humana – raciocínio, percepção de ambiente e uma tomada de decisão – com base nas informações coletadas de um grande volume de dados.
Assistentes virtuais, rotas no Waze e produtos do seu interesse no feed do Instagram são exemplos práticos e corriqueiros da aplicação da IA que realizam tarefas e se aprimoram iterativamente, usando os dados que acumulam.
Então, qual a especificidade do ChatGPT? Primeiro, é preciso entender que chatbots são “robôs”, algoritmos usados para imitar um diálogo humano.
Numa conversa, o chatbot ChatGPT assemelha-se a uma pessoa real, de forma impressionante. O modelo da empresa OpenAI é capaz de entender qualquer pergunta e criar respostas em linguagem natural.
O robô, contudo, conhece muito sobre praticamente tudo o que podemos pesquisar, pois suas respostas são geradas com base nos 570 GB de dados de textos disponíveis na internet, o que abrange algo próximo a 300 bilhões de palavras.
O ChatGPT foi desenvolvido para manipular extensos agrupamentos de dados vindos de múltiplas fontes online para redigir, em questão de segundos, textos que abordam até mesmo áreas bem específicas do conhecimento humano.
Além de informações e conceitos, o chatbot também produz conteúdos tidos como criativos, como letras de música e poemas. E, ainda, funciona de forma colaborativa, pois os usuários podem corrigir as informações geradas pela ferramenta.
O pesquisador e professor Henrique Szklo, especialista em criatividade e comportamento, conversou com o chatbot ChatGPT e se surpreendeu.
“Conversei com ele sobre vários assuntos, tentando provocá-lo, mas ele não caiu em nenhuma armadilha. Ele é aquele espertinho que tem resposta para tudo. Chegou a me contar duas piadas. Eu disse que eram sem graça e ele se justificou usando a diferença de culturas”, conta o pesquisador, de forma bem humorada.
Szklo admite que a ferramenta é espantosa. “Eu disse que ele pode servir também como alguém para conversar numa noite fria e solitária. A resposta: ‘parcialmente, porque a interação humana é fundamental’. Impressionante.”
A partir daí, o especialista começou uma entrevista sobre criatividade com o ChatGPT e conta: “As respostas foram extremamente pertinentes. Surpresa zero. Ele, por vezes, é repetitivo e seu texto um pouco duro, mas não foge a questões, provocações e dá uma verdadeira aula do assunto”.
Na opinião de Marcos Barreto, professor da Fundação Vanzolini e da Poli-USP, todas as profissões que dependem da produção de algum tipo de texto podem ser impactadas e beneficiadas. “Mas até profissões que escrevem menos textos, como um médico, podem ser facilitadas. Um médico, por exemplo, pode ter uma receita melhor escrita, explicando a posologia”, comenta em entrevista para o Correio Braziliense.
Barreto, no entanto, ressalta que todo avanço tecnológico acaba, de alguma forma, diminuindo a necessidade de pessoas para realizar determinadas tarefas. “‘Ah, o robô substitui o operário! Não é bem assim, o operário continua sendo necessário, ele só vai realizar outras tarefas”, cita. “Com o Chat GPT será parecido, a gente vai precisar de pessoas que revisem e validem os textos que são produzidos.”
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