Fundação Vanzolini

Integrar a Língua Brasileira de Sinais em videoaulas é reduzir barreiras de comunicação e uma das formas de garantir educação para todas e todos

 

Uma aceleração de anos em meses. No mundo pós-pandemia, o Ensino a Distância (EaD), que já vinha crescendo, se transformou impactado pela velocidade dos avanços tecnológicos e de necessidade, e se tornou uma importante alternativa para a democratização do aprendizado. Segundo uma pesquisa de consumo feita pelo Google, o interesse da população brasileira por um curso a distância saltou de 40% em 2020 para 78% em 2021.

 

Educação e Inclusão

Estudar em um ambiente digital traz autonomia, flexibilidade, alcance e uma responsabilidade pela busca por acessibilidade.

Se levarmos em conta a comunidade surda, por exemplo, estamos falando de um universo que corresponde a 2,3 milhões de pessoas com surdez profunda ou que não escutam, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E como garantir que essa população tenha acesso à educação de qualidade no ensino a distância e até mesmo que possa se integrar à lógica da aprendizagem constante – ou lifelong learning, como é mais conhecida em inglês –, cada vez mais exigida pelo mercado?

“A acessibilidade no formato EaD permite que tenhamos um processo com mais equidade no acesso e nas oportunidades da oferta de conteúdos para permitir que todos possam usufruir do conhecimento, ingrediente fundamental para a formação e consequente melhoria da qualidade de vida de qualquer indivíduo.”, afirma Stavros Xanthopoylos, executivo sênior da área de Gestão de Tecnologias em Educação da Fundação Vanzolini.

E quando falamos sobre acessibilidade, é importante chamar a atenção para o fato de que, muitas vezes, o uso de legendas em português não é o bastante. Segundo a Federação Mundial dos Surdos, 80% da comunidade surda mundial têm baixa escolaridade e problemas de alfabetização na língua oral de seu país, e no Brasil o cenário não é diferente.

Para muitos, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a sua principal forma de comunicação e expressão. É por meio da legenda e dos intérpretes de Libras que a acessibilidade se dá de forma efetiva para o grupo. Ou seja, investindo no modelo bilíngue.

“Os intérpretes são capazes de entender com precisão e fidelidade o que é dito em Português para traduzir para Libras e vice-versa, garantindo a comunicação fluida e efetiva entre as pessoas surdas e ouvintes”, explica Karina Zonzini, especialista em Educação Inclusiva. “Com a presença do intérprete, as pessoas podem compreender o conteúdo dos vídeos, ter acesso à informação e se comunicar de forma mais eficiente. Além disso, é uma maneira de assegurar que todos e todas tenham os mesmos direitos e oportunidades de acesso à informação e à educação”, completa, ao falar sobre a importância da língua de sinais.

 

Experiência que transforma

A Fundação Vanzolini, por meio da área de Gestão de Tecnologias em Educação, entre outras atuações, trabalha na elaboração de produtos para o Ensino a Distância. Começou a desenhar seus primeiros projetos e a incentivar que seus clientes estivessem atentos ao formato em um momento em que o mercado ainda não enxergava o mesmo potencial.

“A Vanzolini sempre esteve atenta às demandas e necessidades de acesso à educação, seja esta formativa ou continuada. Nós, como especialistas na área de tecnologia educacional, sempre soubemos o potencial do uso da EaD. Nossa vanguarda e a antecipação permitiram que todas as atuações da Fundação tivessem o seu foco no acesso ao conhecimento, seja em sua distribuição ou no formato, pois desta forma ele pode ter valor a quem necessita dele.

Assim, dentro de nossa atuação em projetos de EaD, sempre buscamos propor e desenvolver soluções efetivas em rede, conteúdos com acessibilidade integrados, por meio das nossas competências tecnológicas em infraestrutura, sistemas e operações de transmissão, além das acadêmico pedagógicas. Nossa missão incluiu sempre promover essa cultura do poder de democratização do conhecimento que a EaD traz”, complementa Xanthopoylos.

Atualmente, em alguns de seus clientes, a Fundação cuida de várias das etapas de produção dos conteúdos audiovisuais para as aulas gravadas e ao vivo, e tem um olhar para a acessibilidade.

Há mais de cinco anos, Karina Zonzini atua como intérprete de Libras em projetos da área com participação em videoaulas para o Detran/SP, conteúdos formativos para o Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo (Cate), para a Secretaria Estadual da Educação de São Paulo (Seduc/SP), entre outras iniciativas.

 

Centro de Mídias de São Paulo

A expertise da Fundação no EaD, considerando escala, impacto e acessibilidade, pode ser identificada em projetos como o do Centro de Mídias de São Paulo (CMSP), ligado à Secretaria Estadual da Educação, que viabilizou o ensino remoto para cerca de 5 milhões de estudantes das redes estadual e municipais de ensino durante o período da pandemia de Covid-19.

“No começo, trabalhávamos como intérpretes em duas ou três aulas diárias, mas, quando nos demos conta, estávamos com mais de vinte aulas todos os dias, compondo uma grande equipe”, relembra Karina.

Ela é responsável pela coordenação do time de intérpretes de Libras do projeto, que chegou a contar com trinta profissionais, garantindo a acessibilidade a todos os conteúdos produzidos.

Atualmente, o CMSP segue como um grande repositório de conteúdo, que pode ser acessado por alunos do Ensino Fundamental ao Médio. Também traz uma programação ao vivo de formação continuada para os professores da rede pública. Todos os materiais têm o olhar dedicado à acessibilidade.

“É proporcionar acesso, pertencimento, oferecer educação de qualidade, dar dignidade e, acima de tudo, tornar a sociedade mais justa e igualitária, beneficiando a todos”, explica Karina sobre a importância dos vídeos acessíveis, em especial no contexto da Educação.

“A Fundação Vanzolini faz parte de um marco importante com sua atuação no maior sistema público de ensino do mundo, não só no ensino, mas também na capacitação e formação continuada dos professores do sistema.

Nosso desejo é replicar esse projeto em outros sistemas públicos de ensino com a certeza que a competência construída e a experiência adquirida em mais de duas décadas de atuação poderá propiciar ambiente de maior efetividade e melhoria da qualidade da aprendizagem e da capacitação dos professores. A Vanzolini orgulha-se de fazer parte desses projetos”, conclui Xanthopoylos.

Conheça os produtos oferecidos pela área de Gestão de Tecnologias em Educação da Fundação Vanzolini.

Seminário com técnicos da Secretaria Municipal de Educação foi organizado para a apresentação das atividades realizadas pela Fcav no município

 

Representantes da Fundação Vanzolini se reuniram com técnicos de todos os setores da Secretaria Municipal de Educação (SME) de Caucaia, CE, nos dias 2 e 3 de maio, no Centro de Formação e Avaliação Terezinha Costa Lima, para a realização do Seminário de Apresentação do Planejamento Estratégico.

Estiveram na reunião técnicos dos setores de transporte, de alimentação, pedagógico, Núcleo de Ações Estratégicas, membros dos Conselhos Municipais de Educação e do FUNDEB, Diretores, Coordenadores Escolares, além de representantes do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Caucaia (SINDSEP).

O encontro foi organizado com o objetivo de apresentar aos participantes as atividades já realizadas pela Fundação Vanzolini no município, como:

A Fundação Vanzolini, conforme dados oficiais, “é uma organização sem fins lucrativos, criada e gerida pelos professores do departamento de Engenharia de Produção da Universidade de São Paulo (Poli-USP) para melhorar a efetividade do processo de desenvolvimento sustentável do Brasil.”

A entidade, que existe há mais de 5 décadas, tem como princípio o desenvolvimento,  a aplicação e a disseminação de  conhecimentos e estudos pautados na resolução de problemas econômicos, ambientais, técnicos e sociais no Brasil e fora do país também.

Os integrantes da Fundação Vanzolini destacaram a importância da parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Caucaia em cada estudo e formação realizados com objetivo de ampliar a qualidade educacional, agregando pessoas e programas a esse mesmo propósito.

Para o secretário de Educação, Sergio Kobayashi, “a consultoria de uma instituição renomada, dentro e fora do Brasil, possibilita para a educação de Caucaia pensar em novos caminhos, em outras estratégias eficazes, principalmente para melhorar os indicadores de aprendizagem, de permanência e de sucesso escolar dos estudantes.

Cada técnico, cada gestor, representantes dos sindicatos e conselheiros participaram desse momento, que foi inédito no município. Foram oportunidades de esclarecer dúvidas e comprovar o trabalho feito pela atual gestão. Isso demonstra a transparência e o compromisso com a população caucaiense.”

“Gestão Escolar para o Sucesso” será tema de palestra proferida por consultor da instituição.

A garantia de que uma instituição de ensino está em conformidade com as normas e padrões de qualidade, sustentabilidade, segurança e acessibilidade é aferida por rigorosos processos de avaliação e certificação.

A Fundação Vanzolini – FCAV, maior certificadora da América Latina, apresentará na Bett Brasil, no estande k112 e k114 − que acontece de 9 a 12 de maio, no Transamerica Expo Center, São Paulo – um portifólio de sistemas de gestão, avaliação e de certificações.

As soluções que serão apresentadas pela FCAV representam oportunidades para que escolas, universidades, centros universitários e institutos de educação tecnológica e de pesquisas científicas demonstrem a qualidade das operações e dos serviços prestados à sociedade.

Ao demonstrar o compromisso com a melhoria contínua e a qualidade, as certificações ajudam as organizações a aprimorar os processos; eliminar o desperdício; reduzir riscos; reduzir o turnover; melhorar a cultura organizacional; agilizar a produção; desenvolver os serviços; e promover os relacionamentos com stakeholders.

Ou seja, as certificações facilitam a compreensão das interfaces de uma organização com o mercado, abrangendo funcionários, fornecedores e recursos.

Segundo Fernando Bersanetti, diretor de Certificação da FCAV, “essas chancelas para organizações educacionais conferem a certeza de que elas atendem a pré-requisitos e critérios de qualidade internacionais. Além disso, dão credibilidade e confiança aos clientes e colaboradores com a aplicação de requisitos de planejamento de atividades, definição de metas, implementação de planos de ação e relacionamento com fornecedores e colaboradores. Um amplo compromisso de desempenho institucional com a sociedade”.

Palestra sobre Gestão Escolar

No dia 11 de maio, às 11h − terceiro dia da Bett Brasil − o consultor da Fundação Vanzolini, Daniel Magnavita, participará de palestra na forma de debate sobre a “Gestão Escolar para o Sucesso”. Ao seu lado, estarão Marcia Maria Rosa, Gerente Educacional, Rede Integrada de Educação Básica – Marista Brasil; e Caio Lo Bianco, CEO do LIV (Laboratório Inteligência de Vida).

Portfólio de certificações para organizações educacionais

Durante o processo de certificação, a instituição firma seu comprometimento com a qualidade graças a um trabalho eficiente, participativo e coerente, engajado e que faz uso das ferramentas certas.

ISO 9001 – Gestão da Qualidade

Tem o objetivo de incentivar a qualidade dos processos de uma organização.

ISO 14001 – Gestão Ambiental

Esta Certificação atesta que a empresa tem uma atitude ambientalmente correta, controlando seus impactos ambientais e prevenindo a geração de poluição.

Com ela, a empresa obtém vantagens competitivas como a minimização de custos, evitando taxações e paradas de produção atualmente impostas às empresas poluidoras.

ISO/IEC 27001 – Gestão de Segurança da Informação

Tem por objetivo determinar os requisitos para estabelecer, implementar, operar, monitorar, rever, manter e melhorar um sistema de gestão de segurança, bem como os requisitos para os controles de segurança.

ISO/IEC 27701 – Gestão de Segurança da Informação e Privacidade

Preocupa-se com a segurança e proteção de dados pessoas. Envolvendo governo, empresas, entidade de classe e sociedade.

AQUA-HQE™ – Alta Qualidade Ambiental em edificação

AQUA-HQE™ é uma certificação internacional da construção de alta qualidade ambiental, desenvolvida a partir da renomada certificação francesa Démarche HQE™ e aplicada no Brasil exclusivamente pela Fundação Vanzolini.

A2S – Ambiente Seguro e Saudável

Certificação que avalia sistemas de gestão e boas práticas de higiene e sanitização

PBE Edifica Programa Brasileiro de Etiquetagem de Edificações – Eficiência Energética de Edificações

Contêm os quesitos necessários para classificação do nível de eficiência energética das edificações. A Fundação Vanzolini oferece disponibilidade permanente para suporte técnico ao cliente, esclarecendo todas as questões sobre as regras do programa e sua aplicação.

ISO 55001 – Gestão de Ativos

Trata-se de um padrão internacional voluntário, desenvolvido pela International Organization for Standardization (ISO), que especifica os requisitos que organizações devem estabelecer, implementar, manter e melhorar no sistema de gestão de ativos.

NBR 9050 – acessibilidade

Estabelece critérios e parâmetros técnicos que garantem condições de acessibilidade às pessoas com necessidades especiais. A norma é aplicada a projetos, construções, instalações e adaptações de edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.

Sobre a Bett Brasil

A Bett Brasil é o maior evento de educação e tecnologia da América Latina. Parte da série global Bett Show da Hyve Group, uma das líderes mundiais na realização de eventos considerados referência de mercado. A Bett visa inspirar, discutir o futuro do segmento e o papel da tecnologia e da inovação na formação de educadores e alunos. Participe da Bett Brasil 2023

É preciso rever paradigmas, repensar a formação dos profissionais da educação e superar problemas sociais.

Foi do dia para a noite. O que era para ser aprendido dentro de instituições de ensino passou a ser ensinado a distância. Ensino mediado por tecnologia, telas no lugar de lousas, aulas online e materiais didáticos armazenados em nuvens.

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Iniciativa tem como objetivos o aprimoramento dos profissionais de saúde e a disseminação de informações relevantes para a população

Uma escola de saúde que leva conhecimento a mais de 10 mil profissionais da área e ainda oferece informações de qualidade, que possam melhorar a vida de mais de 840 mil pessoas.

Foi esse o desafio que a Prefeitura de São Bernardo do Campo (SBC),

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Uma reflexão sobre a democratização do ensino e as contribuições da escola para a formação do cidadão

Como fazer o conhecimento chegar mais longe num país com dimensões continentais e tamanhas complexidades, como a realidade brasileira?

A educação a distância (EaD) tem sido apontada como um dos caminhos para se alcançar a equidade no acesso à educação, e tem crescido de forma significativa nos últimos dez anos.

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A iniciativa busca soluções que contribuam para manter a qualidade do ensino público paulista

Tomar decisões e planejar políticas públicas com base em evidências é o que todo bom gestor deseja. Mas quando se trata da maior rede pública de educação da América Latina,

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Por Vera Cabral

A qualidade do ensino está diretamente associada ao uso da tecnologia?

Uso de tecnologia não é requisito para educação de qualidade. Educação de qualidade é aquela que potencializa a aprendizagem de cada estudante. Mesmo nos dias de hoje, é possível fazer isso sem tecnologia, especialmente se trabalhamos em pequenos grupos.
Mas os atuais desafios são muitos. Educação de qualidade para todos é imperativo em nossas sociedades. Daí decorre o primeiro problema: quantidades enormes de pessoas a serem educadas, com qualidade. Que é agravado pela relativa, e por vezes absoluta, escassez de recursos (financeiros, humanos e físicos) para proporcionar educação de qualidade a todas essas pessoas. E piora, ainda, se considerarmos que as crianças de hoje não conseguem ficar horas a fio sentadas, absorvendo conhecimento, passivamente. Fica claro que as soluções tradicionais não dão conta. Vejamos: (i) Reduzir a quantidade de alunos por professor – se os estados e municípios não dão conta de pagar decentemente as quantidades de professores que já empregam, como fariam para implementar esse tipo de solução? (ii) Ampliar o tempo de permanência dos alunos nas escolas – além de demandar novas construções e gastos crescentes com manutenção de infraestrutura física, equipamentos e gestão, requer também a ampliação da quantidade de professores (ambos teriam que praticamente dobrar, numa conta bem simples); mais que isso: se os alunos não suportam passar 4 ou 5 horas sentados, passivamente “absorvendo” o conhecimento transmitido pelo professor, por que motivo suportariam 7 ou 8 horas? (iii) Tudo isso é agravado pela má qualidade da média da formação dos professores que, apesar de fazerem o máximo, não conseguem suplantar suas próprias deficiências sem a necessária formação continuada e apoio técnico, que têm que ser contínuos e não esporádicos e pontuais, como ocorre até o presente.

Ou seja: não há saída pelo modelo tradicional. Não iremos a lugar nenhum.

A utilização de recursos de tecnologia, associados a inovações de caráter pedagógico, pode nos livrar das armadilhas que a tentativa de manutenção de modelos escolares ultrapassados para dar conta de novas realidades e desafios nos impõe.

A dinâmica das relações de ensino e aprendizagem pode ser totalmente alterada de forma a permitir, por exemplo, que grupos distintos de alunos aprendam em diferentes ritmos, com diferentes estratégias, tendo como referência um mesmo professor. Estratégias e recursos de colaboração permitem que os próprios alunos contribuam significativamente para a aprendizagem do grupo como um todo. A disponibilização de conteúdos específicos na internet, bem como a utilização de aulas (muitas delas livres) na web, viabilizam a expansão da atividade para além do horário escolar, de forma coordenada com o que se trabalha em sala de aula – o que chamamos de ensino híbrido. Requer apenas o planejamento e a coordenação das atividades por parte do professor, e dos alunos, e o acesso a computadores conectados: em casa, na própria escola, num ambiente comunitário, numa lan house etc. (brincadeira? Li uma notícia, já há alguns anos, que o brasileiro que mais contribuía com a Wikipédia era um jovem de Ensino Médio em escola pública de bairro pobre, que o fazia em uma lan house, diariamente.) Há infinitas combinações possíveis de abordagens pedagógicas associadas ao uso de tecnologia com potencial de transformar os processos e os resultados educacionais.

Quais são as principais tendências de uso de tecnologias digitais na educação?

Do meu ponto de vista, a tendência é pararmos de discutir o uso de tecnologias na educação. Isso porque o uso de recursos dessa natureza vem se tornando mais e mais natural nos processos educacionais, apoiando e criando condições para a implantação de práticas pedagógicas mais efetivas, centradas na aprendizagem e no estudante.

Mas do ponto de vista das principais tendências da incorporação de novas tecnologias no momento, destacaria os recursos que propiciam a personalização da aprendizagem, o ensino híbrido, de forma a permitir que a aprendizagem transcenda a sala de aula; os recursos de cooperação, que permitem o trabalho e a aprendizagem entre pares e novas plataformas e formatos de distribuição e apresentação de conteúdos, entre outros. Acho que essas são categorias mais abrangentes, que incorporam outras e que têm potencial transformador.

É possível mensurar o impacto do uso de tecnologias na aprendizagem? Se sim, quais os mais significativos?

Avaliações de impacto pressupõem experiências controladas. Até recentemente, muitas das avaliações de impacto sobre o uso de tecnologias na educação não mostram resultados significativamente positivos. Minha avaliação é de que elas partem de pressupostos errados. O que se procura medir é o impacto da tecnologia, controladas todas as demais variáveis. E já sabemos que isso não é mesmo efetivo. O uso de tecnologia na educação só é efetivo quando associado a transformações de caráter pedagógico. Portanto, não é tão simples controlar o experimento: muitas são as variáveis que se alteram.

Mais que isso, muitas vezes o próprio conceito de resultado está mal definido: esperamos que a introdução de recursos de tecnologia nos leve ao mesmo lugar que a educação tradicional nos leva?

Mas temos sim muitos casos comprovados em que distintas práticas pedagógicas associadas a recursos de tecnologia, todas elas centradas na aprendizagem, e no estudante, promovem importantes ganhos de aprendizagem, de envolvimento e de postura dos alunos e professores face à educação e à escola.

Como você avalia as tendências do mercado no desenvolvimento e oferta de ferramentas e soluções tecnológicas para o ambiente educacional
Uma coisa a ser destacada é que o avanço tecnológico permite que, a cada dia, novas soluções para contribuir para o processo de aprendizagem possam ser criadas. O limite está mais no lado pedagógico, de definir demandas, do que do lado da oferta, de entregar as soluções demandadas. Um exemplo interessante são os desafios promovidos pelo Departamento de Educação da cidade de Nova York (EUA), por meio de seu centro de inovações (iZone). A partir da identificação de demandas da rede de escolas, são lançados editais para empresas que queiram desenvolver soluções específicas que respondam a tais demandas. Os projetos apresentados são avaliados pelos próprios professores da rede e os ganhadores recebem recursos para seu desenvolvimento.

Mesmo em locais onde esse tipo de mecanismo não existe, a aproximação dos profissionais da educação com desenvolvedores de soluções tecnológicas vem produzindo resultados fantásticos. Até bem recentemente, tentava-se adaptar produtos existentes às necessidades do setor educação. Hoje, há uma enorme gama de soluções específicas para educação e essa é uma tendência sem volta.

Quais obstáculos você identifica para a disseminação do uso de tecnologias nas redes públicas de ensino na Educação Básica?

Para além da questão da conectividade, que é, sem dúvida, um limitante, eu vejo a falta de incentivo e apoio à inovação nas redes e escolas como o maior obstáculo. Temos exemplos de professores e de escolas que inovam nas condições mais improváveis. Mas o conservadorismo, no sentido de apego ao passado, prevalece: “Se dava certo antes, por que não vai dar agora? Culpa dos alunos, que são desinteressados e não têm disciplina!”. Esse é o discurso tradicional, que expressa, além de conflito de gerações e de posturas arcaicas, a falta de disponibilidade para se avaliar o contexto e o problema mais grave da educação de hoje: a incompatibilidade do modelo tradicional ao mundo em que vivemos.
O que vemos hoje é que, na maioria dos casos, a decisão de buscar novos caminhos para se desprender dos modelos tradicionais e trabalhar a aprendizagem de formas inovadoras é individual, sem qualquer apoio e por vezes até à revelia da direção da escola. O que é muito limitante.
E é exatamente nas redes públicas onde o potencial transformador das inovações educacionais apoiadas em recursos de tecnologia poderiam ter o maior impacto: mitigando as deficiências e ampliando o potencial de aprendizagem das crianças e jovens.

Qual é a finalidade da Bett e quais foram os critérios utilizados para curadoria de conteúdos e participantes?

A Bett, maior evento mundial de inovação e tecnologia em educação, com tradição de mais de 30 anos no Reino Unido, tem o compromisso de contribuir para a qualidade da educação, de hoje e do futuro, com o foco em inovação. Mas por inovação não se entendem apenas coisas mirabolantes: fazer o que já se fazia, de uma forma diferente e mais efetiva é também inovar.

O evento é composto pelo congresso e pela área de exposições que, ainda que com a perspectiva comum de contribuir para a melhoria da educação, têm objetivos distintos. Ambos trazem conteúdos, mas com caráter distinto: enquanto o foco do congresso é o desenvolvimento profissional de educadores, com atividades estruturadas e com certificação, os conteúdos livres na área de exposição têm caráter mais informativo.

Em ambos os casos, o evento tem por objetivo propiciar a todos os participantes (educadores e expositores) uma jornada relevante e prazerosa de aprendizagens, atualização e troca de experiências. Garantir a aproximação entre expositores e visitantes é também nossa meta, não apenas para a geração de negócios imediatos, mas para a potencial identificação de demandas que alimentem o desenvolvimento de novas soluções.
Os conteúdos são organizados de forma a propiciar formação aos educadores para amparar o aprimoramento de suas práticas e promover inovações em salas de aula e em escolas.


Vera Cabral
 é diretora executiva da Abrelivros e consultora educacional da Bett Brasil Educar. Foi responsável pela implantação da Escola de Formação de Professores “Paulo Renato Costa Souza”, atuou como consultora em diversos programas e projetos educacionais junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento, Unesco, PNUD e Ministério da Educação. É economista, mestre em Teoria Econômica pela Faculdade de Economia e Administração da USP e tem os créditos de doutorado em Economia Social na Unicamp.

Por Anna Penido

O que é inovação para você?

Inovação é a gente conseguir fazer algo que a gente não conseguia fazer antes e isso gerar um benefício direto na vida das pessoas, no sistema de produção e em todas as áreas. Inovação é encontrar novas formas de fazer o que antes era impossível. E inovação na educação, a gente costuma dizer que é conseguir, de fato, conectar os processos educativos ao perfil dos alunos contemporâneos e às demandas do século 21. É adaptar principalmente os modelos de escolas e os processos de ensino e aprendizagem ao que a sociedade contemporânea demanda, como os estudantes de hoje se posicionam no mundo, como aprendem e como interagem com o conhecimento.

É preciso tecnologia para inovar?

Na verdade, sim. Toda inovação parte do desenvolvimento de uma nova tecnologia, não necessariamente tecnologia de comunicação. Encontrar uma nova forma de fazer algo é tecnologia. Quando um professor encontra uma nova maneira de incluir um aluno que antes não aprendia, ele desenvolve uma nova tecnologia e essa tecnologia pode ser mediada por computadores, ou não. O que acontece com a tecnologia digital é que ela tem permitido fazer com que muitas inovações aconteçam mutuamente, porque ela é capaz de processar informações, conectar pessoas, oferecer oportunidades que antes não seriam possíveis. Ela é uma alavanca muito interessante para a inovação. Ela nos permite, por exemplo, criar uma série de objetos digitais com os quais o aluno pode aprender em qualquer hora e lugar por meio de games, vídeos etc. A tecnologia está expandindo exponencialmente o acesso desses estudantes à educação, e crianças e jovens que antes ficavam limitados a uma biblioteca da escola ou do bairro. É a mesma coisa quando você pensa no curso de inteligência artificial, pensa nessas plataformas tecnológicas que vêm sendo desenvolvidas, que vão se adaptando ao que cada aluno aprende e registrando todas as informações, conseguindo criar percursos pedagógicos junto com o professor, conectando cada um dos alunos a essas plataformas que oferecem um caminho para personalizar a educação. A tecnologia é apenas uma ferramenta, porque quem faz os processos acontecerem são os indivíduos, mas ela potencializa o trabalho.

Como criar uma cultura de inovação nas escolas, especialmente nas escolas públicas?

Para que isso aconteça, precisamos de alguns passos. O primeiro é um mergulho profundo no que não está funcionando e pode melhorar. A escuta dos alunos, professores e gestores para entender o que está acontecendo. Buscar esses diagnósticos para além da obviedade e conseguir entender os problemas de cada comunidade escolar com muita honestidade e abertura. Dessa forma, o problema será a alavanca para sair dessa situação. É o que chamamos de “escuta inspiracional”. Não é uma escuta que te paralisa, mas que te faz ter clareza daquilo que você precisa para correr atrás, que inspira a buscar soluções.

O segundo passo é ter uma política pública que crie a ambiência. Isso não vai poder acontecer somente nas escolas que têm um professor e um diretor que heroicamente saem tentando resolver os seus desafios. É preciso que a rede estimule a busca de soluções não só de fora para dentro, como por exemplo, contratar consultorias, mas convites a professores, gestores e alunos para se envolverem na construção de novas propostas, como algo sistêmico e não pontual. Uma política de estímulo à inovação que dê conta, inclusive, das questões de infraestrutura, para que as mudanças aconteçam.

A formação também é importante. É preciso oferecer referências aos professores, mas elas nunca devem ser empacotadas e sim permitirem que eles possam ampliar o seu repertório e habilidades e remixar e adaptar ao seu contexto cotidiano.

Estimular a mistura do professor com aluno, com empreendedor, com a comunidade, especialistas. Para você olhar fora da caixa, tem de olhar sobre vários pontos de vista, e nada mais interessante do que o diálogo entre empreendedor e educador, aluno e professor, para que criem soluções juntos. Essas misturas são um caldo fértil para a inovação.

A falta de conectividade ainda é um desafio no ambiente escolar das redes públicas de ensino?
É um grande desafio. A gente sabe que se os indivíduos não estiverem capacitados para usar os recursos, não vai adiantar; se não tiver a estrutura disponível, as pessoas continuarão sem acesso a essas facilidades. As pessoas tendem aqui no Brasil a contar com a improvisação. Ah, não tem internet? Vamos fazer offline. Não tem wi-fi? Vamos para o laboratório mesmo. Isso tudo gera uma subutilização das tecnologias digitais. Conectividade é algo básico que nem ter um caderno, um livro didático, porque ela abre a possibilidade de acesso a milhares de cadernos. Mas ela tem de ser conectividade estável, e não adianta fingir que tem conectividade nas escolas, assim como não adianta ter um laboratório que é utilizado uma vez por mês. Quando a gente começou a falar sobre tecnologia e estávamos preocupados com a inclusão digital, foi muito bom, porque vários alunos tiveram acesso, educávamos as pessoas para usar a tecnologia. Hoje, todo mundo tem acesso em tudo quanto é canto e muitas vezes na escola os alunos têm equipamentos piores do que em casa. Não é educar para usar a tecnologia e sim usar a tecnologia para educar; é conseguir conectar as pessoas para ajudar os professores a se qualificarem. Por isso você precisa da infraestrutura.

De que maneira a tecnologia pode contribuir para uma prática escolar que promova a equidade?

O maior perigo da entrada da tecnologia na educação é aumentar a desigualdade, porque se uns tiverem o high tech e outros continuarem com o low tech, o fosso vai aumentar. O nível de oportunidade que o acesso de qualidade gera amplia todas as outras oportunidades que a pessoa tem. Se você sabe usar a tecnologia, você consegue se educar mais, você consegue informações sobre saúde, você consegue saber os seus direitos, pode encontrar melhores oportunidades de trabalho, melhores cursos profissionalizantes. É preciso capacitar as novas gerações para fazer o uso dessa tecnologia, para se empoderarem, porque se os alunos têm acesso à tecnologia e não a professores de qualidade, ele vai conseguir atravessar essa ponte. É mais um recurso para você estreitar os abismos da desigualdade, mas se os alunos continuarem sem o acesso a isso, vão ficar por fora sem saber transitar por esse mundo.

Das tendências para a educação do século 21, qual você destacaria?

A personalização do ensino. Durante anos fizemos uma educação massificada, a questão de demanda por conta da revolução industrial, de ter de colocar muita gente na escola para desenvolver a mão de obra. A escola tem a cultura industrial e com isso a gente vai perdendo muita gente no meio do caminho. É o aluno que tem de se adaptar à escola e não a escola que oferece a melhor trajetória pedagógica para cada tipo de aluno. Cada cérebro é diferente do outro; mesmo alunos com desempenho escolar parecido têm percursos muitos diferentes, inteligências diferentes e cada um aprende de um jeito. A gente ignora tudo isso quando a gente dá a mesma aula, o mesmo material ao mesmo tempo para todo mundo. É condenar muitas pessoas ao insucesso. Até a forma de avaliar é padronizada, sendo que hoje sabemos que as pessoas conseguem comprovar o seu aprendizado de formas diferentes, como por exemplo, gente melhor no oral do que no escrito. Mas como hoje a avaliação não é algo para assegurar a aprendizagem, mas apenas para reprovar, a avaliação penaliza o indivíduo. Toda essa questão demanda personalização.

Todas as outras tendências dialogam com isso, encontrar novas tecnologias, encontrar novas evidências, novas formas de conhecer o aluno, e assim garantir que ninguém fique para trás e todos possam desenvolver o seu potencial na medida da sua capacidade. Hoje o potencial é medido pela capacidade do sistema.

Anna Penido é Diretora do Instituto Inspirare. Jornalista formada pela UFBA, com especialização em Direitos Humanos pela Universidade de Columbia e em Gestão Social para o Desenvolvimento pela UFBA. Em 2011, participou do programa Advanced Leadership Initiative da Universidade de Harvard. Trabalhou como repórter para o jornal Correio da Bahia e para as revistas Veja Bahia e Vogue. Integrou as equipes da Fundação Odebrecht e do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia. Fundou e dirigiu a CIPÓ – Comunicação Interativa, da qual é conselheira. Coordenou o escritório do UNICEF para os Estados de São Paulo e Minas Gerais. É fellow Ashoka Empreendedores Sociais e líder Avina.

A Base Nacional Comum Curricular foi construída para definir os parâmetros de uma educação integral, democrática e inclusiva no Brasil. O processo de sua elaboração contou com a contribuição da Fundação Vanzolini.

Inovar nas referências para a educação básica no Brasil. Priorizar a formação humana integral e o debate contemporâneo. Focar na construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. Esse conjunto de propósitos está na BNCC, a Base Nacional Comum Curricular, como resultado de um processo de pesquisas e debates que implementou indicações já presentes na Lei de Diretrizes e Bases, de 1996.

A normatização foi construída por vários governos e não por acaso. Seria um trabalho gigantesco implementar uma lei para nortear os currículos da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, dentro de parâmetros democráticos, com debate entre educadores, pesquisadores, alunos e sociedade. O processo alteraria os currículos consolidados de norte a sul do país, mas respeitando a bagagem histórica e cultural de estados e municípios. Estabeleceria critérios claros e balizadores da qualidade da educação, a começar da equidade no direito à aprendizagem para todos os alunos, das várias etnias e classes socioeconômicas.

A BNCC veio para definir as aprendizagens essenciais em todas as etapas e modalidades da educação básica. A Vanzolini contribuiu nos processos de sistematização da versão final do documento

A Vanzolini foi contratada pelo Ministério da Educação para fazer a gestão integrada de processos e consolidar a versão final da BNCC para a Educação Básica. Entre 2017 e 2019, a fundação mobilizou equipes multidisciplinares e atuou no apoio à gestão. Disponibilizou ferramentas online para todos os educadores brasileiros, com os conteúdos da Base. Criou programas de formação e realizou seminários por videoconferência. Para iniciar o processo de implementação, produziu 16 cursos EaD destinados a gestores, professores e conselhos de educação.

A Vanzolini organizou seminários e audiências públicas nas diversas regiões do país, para colher propostas que permitiram construir um “passo a passo’ da nova educação brasileira, disponibilizado no Portal do MEC. Também produziu séries de videoaulas, vídeos e animações gráficas, possibilitando localizar na Base as referências das aprendizagens essenciais.

UM TRABALHO DE FÔLEGO E LONGO ALCANCE

As soluções implementadas pela Fundação Vanzolini encurtaram distâncias num país continental e efetivaram a comunicação entre os diferentes atores da educação e da sociedade.

O conjunto de materiais produzido impactou no trabalho educacional de 184 mil escolas de Educação Básica, das redes particular e pública. Atingiu 2,2 milhões de professores, com reflexo na aprendizagem de quase 50 milhões de alunos.

As aprendizagens essenciais às crianças e jovens implementadas pela Base Nacional já influenciam positivamente o futuro de uma nova geração de brasileiros.