Fundação Vanzolini

Em busca do tempo perdido

Postado em Trabalhos realizados | 20 de abril de 2021 | 5min de leitura
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O dever moral de ampliar as chances profissionais de pessoas que foram forçadas a abandonar a escola levou à criação da Educação de Jovens e Adultos – EJA. E a Fundação Vanzolini ajudou a implementá-la em São Paulo

Se o velho adágio popular ensina que “nunca é tarde para recuperar o tempo perdido”, na educação isso é especialmente verdadeiro. Tão verdadeiro que justifica a existência em lei de uma modalidade educacional específica — a Educação de Jovens e Adultos, que oferece o Ensino Fundamental aos maiores de 15 anos e o Ensino Médio, aos que já completaram 18.

Os educadores reconhecem que a EJA é o resgate de uma dívida social. Ela representa devolver, as chances de crescer profissionalmente e melhorar de vida, a quem não teve oportunidade de estudar na época adequada. São essas metas que movem milhares de homens e mulheres, de diversas idades, a buscar uma qualificação melhor para o mercado de trabalho, conquistar novas funções e aprimorar seus conhecimentos.

A Educação de Jovens e Adultos atende os alunos numa série de necessidades urgentes, que condicionam o seu crescimento pessoal e profissional. Necessidades como a de ler e escrever. Aprender números e fazer contas. Dominar os conhecimentos básicos das ciências exatas, humanas e da natureza. Compreender direitos e deveres, saber o que é cidadania e o papel do cidadão na vida coletiva.

Educar quem teve de abandonar a escola e voltou, aproveitando o que a escola da vida ensinou a esses alunos. Um fascinante desafio, que exigia novos conceitos e métodos pedagógicos.

Para essa tarefa de enorme grandeza moral e social, o governo de São Paulo criou em 2011 o programa EJA-Mundo do Trabalho, com uma perspectiva muito clara. Primeiro, a de crespeitar que cada aluno da EJA tem muito conhecimento próprio, construído no decorrer da vida, e essa bagagem nunca deve ser descartada. Assim como, entender que o professor dessa modalidade de ensino deve inovar nas práticas de ensino, para ser mais eficaz em seu trabalho.

Mas eram muitas as questões em aberto. Como proporcionar aos estudantes uma aprendizagem condizente e motivadora, que atendesse às suas expectativas? Que práticas poderiam evitar uma nova evasão escolar, de pessoas que abandonaram seus cursos quando eram mais jovens? Como aproveitar ao máximo o pouco tempo disponível para os estudos desses alunos adultos, comprometidos com múltiplas jornadas de trabalho, incluindo casa e família?

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação percebeu que os professores teriam mais sucesso em vencer os desafios da EJA se estivessem munidos de novos princípios e métodos educacionais. A Fundação Vanzolini foi contratada para ajudá-los nessa preparação.

Com o suporte de pesquisas, o programa EJA-Mundo do Trabalho mapeou a formação prévia dos estudantes, o que aprenderam no ensino formal. Considerou também os conhecimentos que eles construíram com suas experiências de vida e os saberes que acumularam no mundo do trabalho. Faltava atar as duas pontas, preparando os professores para operar com a sua formação técnica e, ao mesmo tempo, com sensibilidade para refletir e problematizar os conteúdos mais diversos, que os alunos inevitavelmente trariam às aulas.

A Vanzolini foi a campo para fazer a gestão e apoiar a implementação do programa, cuidando em especial da produção do material didático-pedagógico, tanto para os professores quanto para os alunos do Ensino Fundamental e do Médio. Com uma equipe especial de educadores, a fundação produziu mais de 15 mil páginas de conteúdo, que foi organizado em cadernos para as diversas séries, de acordo com a grade curricular: Arte, Inglês, Língua Portuguesa, Ciências, Matemática, Geografia, História, Trabalho, Biologia, Química, Física, Sociologia e Filosofia.

A Fundação Vanzolini também ampliou a sua unidade de comunicação, para produzir 250 vídeos de apoio aos conteúdos impressos. O material audiovisual envolveu documentários, reportagens, aulas dramatizadas e filmes de curtas-metragens. O trabalho envolveu ainda a criação de duas soluções tecnológicas: um ambiente virtual, para facilitar a interação entre os vários atores do projeto; e a ferramenta Professor Online, em apoio ao ensino a distância.

MILHARES DE ATENDIDOS, PRONTOS PARA UM SALTO PROFISSIONAL

Todo o acervo construído foi disponibilizado em um portal dedicado, com atualização permanente das informações sobre a implantação do programa EJA-Mundo do Trabalho no Estado de São Paulo.

Até 2015, enquanto teve a Fundação Vanzolini na gestão, o programa foi implementado por mais de 220 municípios paulistas, atendendo a 6 mil professores e 40 mil estudantes.

Com uma parceria firmada entre a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, e a Secretaria da Educação, o EJA-Mundo do Trabalho chegou a 88 Diretorias de Ensino, abrangendo outros 60 mil estudantes.