O “Águas do Guamá” promete consolidar sistemas centralizados de monitoramento da distribuição de água em cidades
Um projeto de inovação que utiliza, entre as tecnologias, sensores de ultrassom e medidores de consumo de água, com transmissão via 3G e 4G, está sendo implantado na região metropolitana da cidade de Belém, no Pará. O “Águas do Guamá” promete consolidar sistemas centralizados de monitoramento da distribuição de água em cidades, com o objetivo de promover a redução de perdas, foi o que explicou o professor Caio Fontana, da Fundação Vanzolini, que é a ICT – Instituto de Ciência Tecnologia e Inovação, responsável pelas atividades de P,D&I neste projeto. A avaliação do professor ocorreu no dia 23 de março, durante o Seminário das Águas Brasileiras, para celebrar o Dia Mundial da Água, comemorado no último dia 22. O evento é uma iniciativa conjunta dos Ministérios do Desenvolvimento Regional (MDR), Meio Ambiente (MMA), Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Controladoria Geral da União (CGU) e Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
No painel “A inovação para a superação dos desafios do saneamento”, Fontana explicou que o projeto está sendo viabilizado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), empresa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e é desenvolvido pela Fundação Vanzolini, ressaltando a importância da Parceria – Empresa, Governo e ICT, e sua importância na redução das dificuldades e desafios técnicos e operacionais encontrados no projeto. Afirmou que em uma cidade como Belém, de quase 1,5 milhão de habitantes, a perda de água tratada por causa de vazamentos na rede municipal chega, na região Sul da cidade, a 72%, e, na região Norte, a 74%.
“Ou seja, um litro de água tratada sai da estação de tratamento e chega na outra ponta como um pouco mais do que uma xícara de chá”, exemplifica Fontana. Por isso, a proposta de inovação da Fundação Vanzolini foi desenvolver um sistema para ser aplicado em toda cadeia produtiva de saneamento básico, como forma de reduzir custos operacionais, melhorar a qualidade da água e reduzir o impacto ambiental com o desperdício.
Segundo o professor, por meio de análise de medidas indiretas, com o controle das perdas aparentes e perdas reais de água, será possível detectar vazamentos na tubulação e a chamada sub-medição − aquilo que, às vezes, é consumido mas não é medido. “O desafio desse projeto está sendo monitorar uma rede de abastecimento de água e saber como localizar o vazamento. Para isso, a proposta vai fazer a automação da localização de vazamentos, tanto da tubulação das vias públicas, quanto da tubulação interna das unidades de consumo”, ressalta Fontana.
Para a execução do projeto, ainda em fase de experimentação, será escolhida uma área específica da cidade e algumas residências, onde os hidrômetros serão substituídos por outros com tecnologia wireless. Nas vias, serão instalados sensores de ultrassom, com o objetivo de “ouvir” a tubulação e criar uma rede de comunicação e monitoramento. Para a coleta de informações serão utilizados veículos equipados com rádios que percorrem os locais para leitura dos sensores ou por meio do método fixo, que usa repetidores para transmitir a informação por meio de uma rede de comunicação para uma central.
Essas medidas poderão gerar, entre outras facilidades, a disponibilidade de informação para as equipes operacionais e consumidores, a transmissão em tempo real do consumo de água das unidades, além de alertas em caso de alto consumo. “Na escala urbana, com a implantação de um Sistema Centralizado de Monitoramento e Controles Lógicos Programáveis, é possível fazer o monitoramento em tempo real da rede, com redução de custo operacional, assertividade e obter um bom histórico das operações”, finaliza Fontana.