
O cenário energético tem chamado cada vez mais a atenção de quem toma decisões estratégicas. A oferta de energia está sob pressão no mundo todo e, no Brasil, os custos já refletem essa realidade.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) elevou para 6,3% a projeção de reajuste nas tarifas de energia elétrica em 2025, superando inclusive a estimativa de inflação para o ano, que é de 5,05%, segundo o Boletim Focus do Banco Central.
Só para se ter uma ideia, em março, a previsão era de 3,5%. Esse aumento não é apenas um dado econômico, ele representa um alerta para empresas e gestores sobre a importância da eficiência energética como estratégia de redução de custos e sustentabilidade.
Em paralelo com o aumento do custo da energia elétrica, temos a elevação na temperatura global, desencadeada pelo aumento do efeito estufa, e a escassez de recursos naturais. Todos esses fatores estão ligados, em alguma medida, aos impactos da construção civil no meio ambiente.
A construção civil e as edificações são, juntas, responsáveis por 37% das emissões de CO2 e 36% do consumo de eletricidade globalmente. No Brasil, a construção representa 6% das emissões de gases de efeito estufa e as edificações representam 51% do consumo de energia.
Diante desse contexto alarmante, a construção civil, apesar de seu papel essencial na economia e na sociedade, é responsável por uma cadeia de significativos impactos ambientais, dessa maneira, pode e deve colocar novos tijolos para construção de um mundo mais sustentável e de um futuro possível.
Assim, pensando nas alternativas existentes para eficiência energética e outras soluções para uma construção civil mais verde, preparamos este artigo.
Aproveite a leitura e conheça a certificação AQUA-HQE™, que significa Alta Qualidade Ambiental e insere a sustentabilidade no centro da construção civil.
Além dela, conheça normas como a ISO 14064 e o GHG Protocol, que estabelecem metodologias e diretrizes para contabilizar as emissões de gases de efeito estufa, permitindo definir estratégias de mitigação e compensação, e também a ISO 50001, que orienta a implementação de um sistema de gestão de energia, voltado à melhoria do desempenho energético das edificações.
De acordo com o relatório publicado em 2024, pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA) e pela Aliança Global para Edifícios e Construção (GlobalABC), a demanda de energia e as emissões do setor de construção representam mais de um quinto das emissões globais.
Em 2022, as emissões globais do setor aumentaram 1%, o que equivale a mais de 10 milhões de carros circulando pela Linha do Equador. Ao mesmo tempo, a intensidade energética do setor caiu 3,5%
Ainda segundo a ONU, o Relatório de Status Global para Edificações e Construção (Global Status Report for Buildings and Construction) acompanha o progresso e descreve recomendações para governos, indústria e sociedade civil em direção a um setor de edificações com emissão zero, eficiente e resiliente até 2050.
Como mencionado antes, esse levantamento mostra que a construção civil e as edificações foram responsáveis por 37% da energia operacional global e das emissões de CO2 relacionadas a processos, aumentando para pouco menos de 10 Gt de CO2 equivalente. Já o consumo de energia chegou a 132 exajoules, mais de um terço da demanda global.
Diante desses dados, fica claro o vasto impacto que a construção civil e a operação das edificações têm no meio ambiente, e um dos fatores que levam a essas consequências é a ineficiência energética nos edifícios.
O alto consumo de energia das edificações, dentre muitos outros fatores, pode ser impactado por escolhas negativas que nascem já no projeto da edificação, como a escolha de materiais com baixo desempenho térmico, projetos arquitetônicos que negligenciam a iluminação e a ventilação naturais e sistemas de climatização e iluminação obsoletos ou mal dimensionados. Essa ineficiência se traduz em um desperdício colossal de energia e recursos.
No entanto, a construção civil é um setor fundamental para a economia e a boa notícia é que é possível pensá-la e executá-la de formas mais sustentáveis e responsáveis, como veremos mais adiante.
Você tem interesse em saber mais sobre esse assunto? Assista à palestra Eficiência energética, redução de emissões e a arquitetura como protagonista em um mundo em colapso, que ocorreu na CASACOR 2025, com a participação de especialistas da Fundação Vanzolini.
Antes de falarmos sobre as possibilidades de uma construção civil verde, vamos destacar quais as consequências econômicas e ambientais da ineficiência energética.
O aumento do consumo de energia é, muitas vezes, não só inevitável, mas até mesmo necessário em uma sociedade que tende cada vez mais à digitalização e avanço das tecnologias.
No entanto, sem o devido planejamento, do ponto de vista econômico, a alta demanda energética pode elevar os custos operacionais dos edifícios, pesando mais no bolso de moradores e empresas, o que afeta a competitividade econômica das indústrias e o poder de compra da população.
Já a partir da perspectiva ambiental, o aumento desenfreado do consumo de energia, a dependência de fontes de energia não renováveis e o consequente aumento das emissões de gases de efeito estufa contribuem para a escassez de recursos naturais e aceleram as mudanças climáticas, manifestando-se em eventos extremos e degradação ambiental.
Felizmente, hoje contamos com diversas estratégias, técnicas e tecnológicas, que ajudam a tornar os edifícios mais eficientes no uso da energia, reduzindo o consumo, e, ao mesmo tempo, aumentando o uso de fontes renováveis, contribuindo para a redução das emissões de carbono.
A eficiência energética se apresenta como uma solução estratégica e imperativa para reduzir o consumo de energia e mitigar seus impactos negativos. Trata-se de um conceito abrangente, com o objetivo de otimizar o uso da energia, obtendo os mesmos resultados com menor consumo.
Assim, em projetos e construções, a eficiência energética pode ser alcançada por meio da implementação de diversas técnicas, tecnologias e soluções inovadoras, como:
Além de assegurar a redução do consumo de energia da edificação, hoje é possível também adotar soluções para aumentar a participação de energias renováveis no consumo do edifício, e, dessa maneira, reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa associadas ao consumo de energia, como, por exemplo:
Quando se trata da emissão de CO2, de acordo com o conteúdo “Eficiência energética, redução de emissões e a arquitetura como protagonista em um mundo em colapso”, produzido pela Fundação Vanzolini, em parceria com a CASACOR e AQUA-HQE™, entre as estratégias para reduzir emissões estão:
Para impulsionar a adoção de práticas sustentáveis e a eficiência energética, diversas certificações e referenciais de sustentabilidade foram desenvolvidos. A certificação AQUA-HQE™, por exemplo, avalia o desempenho ambiental de edifícios em diferentes fases do ciclo de vida, promovendo a construção e operação sustentável.
Já a ISO 14064 – GHG Protocol oferece diretrizes para a quantificação e comunicação de emissões de gases de efeito estufa, auxiliando as empresas a gerenciar e reduzir sua pegada de carbono.
O mesmo pacote de normas da ISO 14064 também traz as diretrizes para estabelecer e monitorar projetos de remoções de carbono e redução de emissões, que são a base hoje para os vários referenciais do mercado de crédito de carbono.
A ISO 50001, por sua vez, traz as recomendações e exigências estratégicas para a implementação de um sistema de gestão de energia das várias edificações de uma organização, permitindo alcançar um maior desempenho energético nas operações.
A certificação AQUA-HQE™ foi desenvolvida a partir da HQE™ francesa, em parceria com Cerqual e Certivéa, com referenciais técnicos adaptados pela Fundação Vanzolini e USP. Possui status internacional desde 2014.
No Brasil, até outubro deste ano, foram 995 edifícios certificados
➔ 665 edifícios residenciais em construção;
➔ 248 edifícios não residenciais em construção;
➔ 82 edifícios não residenciais em operação.
Também foram certificados:
➔ 12 bairros e loteamentos em construção.
➔ Um bairro e loteamento em operação.
➔ Duas infraestruturas portuárias.
Aproximadamente 20,2 milhões de m2 certificados ou em processo.
Comprova a Alta Qualidade Ambiental, diferencia o portfólio, aumenta a velocidade de vendas, mantém o valor do patrimônio, melhora a imagem da empresa, otimiza a gestão de projetos e obras, e também gera economia de recursos.
Economia de água e energia, melhores condições de conservação e manutenção, menores custos de condomínio, maior conforto e saúde, melhor funcionamento dos sistemas e maior valor patrimonial e qualidade de vida.
Menor demanda sobre a infraestrutura urbana, menor demanda de recursos hídricos e energéticos, redução de gases de efeito estufa e poluentes, menor impacto à vizinhança, redução e valorização de resíduos, e gestão de riscos naturais e tecnológicos.
Por fim, é crucial reforçar a importância de aplicar práticas sustentáveis e investir em qualificação profissional para enfrentar os desafios energéticos e ambientais.
A Fundação Vanzolini oferece um leque amplo de cursos, palestras e videocasts relacionados ao tema, proporcionando conhecimento e ferramentas para profissionais e organizações que buscam aprimorar suas estratégias de eficiência energética e sustentabilidade. Confira a seguir algumas sugestões e faça parte da construção de um futuro possível e de um presente mais responsável:
Conheça as certificações de Sustentabilidade e os cursos de normas e certificações da Fundação Vanzolini
Todos os cursos da Fundação são oferecidos também em formato In Company, personalizados de acordo com as necessidades da sua empresa.
Assista aos videocasts com os especialistas da Fundação Vanzolini:
Fontes:
Aneel eleva para 6,3% projeção de aumento da conta de luz
Emissões globais do setor de construção ainda são altas e continuam crescendo
Atlas da Eficiência Energética Brasil 2024 (EPE)
CONFEA, 2024 | Programa da ONU para o Meio Ambiente, 2022 | ONU News – Perspectiva Global Reportagens Humanas, 2022