
A forma linear como nos acostumamos a produzir, conduzida pelos verbos extrair, produzir, consumir e descartar, tem se demonstrado insustentável, gerando escassez de recursos, poluição e grandes volumes de resíduos.
Como contraponto, temos a Economia Circular, que propõe um sistema regenerativo, no qual o valor dos produtos, componentes e materiais é mantido no mais alto nível possível, por mais tempo.
A Economia Circular está longe de ser apenas uma tendência, tornando-se, nos últimos anos, necessária para enfrentar a crise climática, a perda de biodiversidade e a sobrecarga dos ecossistemas.
Como aliada nesse processo está a ISO 14001, norma com foco na gestão sistemática de aspectos ambientais, que oferece o caminho para que as empresas integrem os princípios da circularidade em suas operações, resultando em benefícios ambientais, sociais e econômicos.
Quer saber como acontece a sinergia entre a ISO 14001 e a Economia Circular? Então siga com a leitura!
De acordo com o manual “ECONOMIA CIRCULAR OPORTUNIDADES E DESAFIOS PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA“, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o conceito de Economia Circular tem origem em diversas escolas e linhas de pensamento, que construíram a base para o debate sobre desenvolvimento sustentável, tais como:
De forma geral, podemos entender a Economia Circular como um conceito que busca transformar a tradicional abordagem econômica, priorizando a reutilização, reciclagem e redução do desperdício de recursos.
Na figura a seguir, temos, de forma resumida, os princípios e processos circulares em dois ciclos: os biológicos e os tecnológicos. Esses ciclos agregam valor à lógica econômica linear, que é representada pelo centro do diagrama.

Portanto, a Economia Circular pode ser compreendida como um sistema econômico que visa a eliminação de resíduos e de poluição desde a concepção, a manutenção de produtos e materiais em uso e a regeneração de sistemas naturais.
Diferente do modelo linear, que tem um fim de vida para os produtos, a Economia Circular busca fechar os ciclos de materiais, imitando os processos da natureza.
Lançada em 2010, a PNRS representa um divisor de águas na gestão de resíduos no Brasil. Ela estabelece a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.
Ou seja, fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos são corresponsáveis.
A política prioriza a não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, com a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.
A logística reversa, um pilar fundamental da Economia Circular, é incentivada para embalagens, eletroeletrônicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, entre outros.
O “Plano de Ação para a Economia Circular”, da UE, (Circular Economy Action Plan – CEAP),, visa impulsionar a transição da Europa para um modelo mais circular, focado em setores-chave como eletrônicos, baterias, embalagens, plásticos, têxteis e construção.
As diretivas estabelecem metas ambiciosas para a redução de resíduos, aumento da reciclagem e reutilização, além de promover a durabilidade, reparabilidade e reciclabilidade dos produtos.
A legislação da UE também abrange o ecodesign, que exige que os produtos sejam projetados para serem mais eficientes em termos de recursos e para gerar menos resíduos.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, estabelecidos na Agenda 2030, fornecem um plano abrangente para a sustentabilidade global. Vários ODS estão diretamente relacionados à Economia Circular, como:
– ODS 12: Consumo e Produção Responsáveis: este ODS visa assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis, o que está intrinsecamente ligado à Economia Circular, que busca desacoplar o crescimento econômico do uso de recursos finitos;
– ODS 8: Trabalho Decente e Crescimento Econômico: a Economia Circular pode criar novas oportunidades de negócios e empregos verdes, contribuindo para um crescimento econômico mais inclusivo e sustentável;
– ODS 11: Cidades e Comunidades Sustentáveis: a gestão eficiente de resíduos e o uso de recursos em áreas urbanas são cruciais para a construção de cidades mais sustentáveis;
– ODS 13: Ação Contra a Mudança Global do Clima: ao reduzir a extração de recursos virgens e a geração de resíduos, a Economia Circular contribui significativamente para a mitigação das mudanças climáticas.
A legislação e os compromissos internacionais exercem uma pressão crescente sobre as empresas, levando-as a repensar seus processos e modelos de negócio, para atividades mais conscientes e alinhadas às atuais demandas sociais e ambientais.
O modelo econômico atual e linear de produção-consumo-descarte está atingindo seu limite.
O desperdício de materiais recicláveis representa uma perda financeira expressiva em escala global. Um estudo da Boston Consulting Group (BCG) revelou que, todo ano, cerca de R$ 1,2 trilhão de reais são desperdiçados no mundo todo, em razão do descarte inadequado de materiais que poderiam ser reaproveitados.
Ainda de acordo com a CNI, nos últimos trinta anos, apesar dos avanços tecnológicos e do aumento da produtividade dos processos que extraem 40% mais valor econômico das matérias-primas, a demanda nesse mesmo período aumentou 150%.
Segundo dados do Panorama dos Resíduos Sólidos, produzido pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), o Brasil gerou mais de 80 milhões de toneladas de lixo em 2022.
A adoção da Economia Circular é um dos um dos caminhos para o enfrentamento desse problema, pois “associa o crescimento econômico a um ciclo de desenvolvimento positivo contínuo, que preserva e aprimora o capital natural, otimiza a produção de recursos e minimiza riscos sistêmicos, com a administração de estoques finitos e fluxos renováveis”.
Para acompanhar o progresso em direção à Economia Circular e à sustentabilidade, é crucial o monitoramento contínuo de indicadores-chave de desempenho.
Esses indicadores fornecem uma base quantificável para avaliar a eficácia das estratégias implementadas, além de identificar as áreas para melhoria. Entre os mais relevantes, podemos destacar:
Este indicador mede a proporção de materiais que são reintegrados no processo produtivo após seu uso inicial, em vez de serem descartados. Um aumento nessa taxa demonstra uma transição bem-sucedida de um modelo linear para um circular, no qual os resíduos são vistos como recursos;
A pegada de carbono quantifica a emissão total de gases de efeito estufa (GEE) associados às atividades de uma organização ou ao ciclo de vida de um produto. Acompanhar sua redução é fundamental para avaliar o impacto ambiental e o alinhamento com metas climáticas, refletindo a eficiência energética e a adoção de fontes de energia renováveis;
Indicador que foca na incorporação de materiais provenientes de processos de reciclagem na fabricação de novos produtos. Um alto percentual indica um compromisso robusto com a Economia Circular, reduzindo a dependência de matérias-primas virgens e minimizando a geração de resíduos.
Além desses, outros indicadores complementares podem ser utilizados para uma análise mais completa, como:
Tecnologia e Economia Circular podem e devem andar juntas. Uma coisa não exclui a outra e as duas somam forças de transformação.
A integração de tecnologias emergentes como Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT) e blockchain impulsiona a Economia Circular, e as ferramentas oferecem um suporte robusto para a rastreabilidade de materiais, otimização de processos e o desenvolvimento de modelos de negócio circulares inovadores.
Além disso, a IA pode facilitar a automação de processos de triagem e separação de resíduos, aumentando a eficiência e a qualidade dos materiais recuperados.
Internet das Coisas (IoT): sensores IoT podem monitorar, em tempo real, a condição e a localização de produtos e componentes ao longo de toda a cadeia de valor. Isso permite uma gestão mais eficiente de ativos, facilitando a manutenção preventiva, o reuso e a recuperação de materiais.
Em um modelo de “produto como serviço”, por exemplo, a IoT é essencial para acompanhar o desempenho e planejar a devolução e recondicionamento dos itens.
Blockchain: a tecnologia blockchain oferece um registro imutável e transparente de todas as transações e movimentos de materiais. Isso garante a autenticidade e a origem dos produtos reciclados ou recondicionados, combate à falsificação e promove a confiança entre os participantes da cadeia de valor.
A rastreabilidade provida pelo blockchain é crucial para verificar as credenciais de sustentabilidade e para a implementação de esquemas de responsabilidade estendida do produtor.
A implementação da Economia Circular pode se materializar em diversas ações práticas, favorecendo a indústria e o meio ambiente, tais como:
Para começar a jornada da economia circular, destacamos algumas práticas essenciais, que são o ponto de partida para uma mudança cultural e organizacional.
No caso das empresas que contam com a ISO 14001, a norma pode ser uma facilitadora poderosa para a implementação das práticas e transição para Economia Circular, permitindo que as empresas reduzam o desperdício, otimizem o uso de recursos e criem valor a longo prazo, além de promover inovação, resiliência e crescimento sustentável.
A Fundação Vanzolini possui expertise em normas e oferece um leque de serviços e cursos especializados em sustentabilidade e certificações ambientais.
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Fontes:
6 a cada 10 indústrias no Brasil adotam práticas de economia circular
Brasil gerou 64 quilos de resíduos plásticos por pessoa em 2022
Economia circular pode gerar 7 milhões de empregos no Brasil
ECONOMIA CIRCULAR OPORTUNIDADES E DESAFIOS PARA A INDÚSTRIA BRASILEIRA
Como aplicar o conceito de economia circular ao seu negócio
ISO 14001 and Circular Economy Bridging the Gap for Sustainable Business PracticesEconomia Circular: o que é, características, importância