Em um contexto de evolução e amadurecimento do ESG nas empresas e seus desdobramentos no mundo, um conceito-chave surge para abarcar os impactos das boas práticas ambientais, sociais e de governança: a dupla materialidade.
A dupla materialidade se consolida como um novo padrão para organizações que buscam entregar ao mercado relatórios de sustentabilidade mais completos, transparentes e, acima de tudo, comprometidos com as exigências globais.
Para compreender o conceito da dupla materialidade em sua totalidade e como ela é essencial para empresas sustentáveis, siga com a leitura.
Antes de surgir a dupla materialidade, existia a a materialidade tradicional ou financeira. Ou seja, as empresas faziam suas análises com base em uma perspectiva predominantemente financeira.
Os impactos das ações são analisados e medidos por meio dos reflexos econômicos. Nesse modelo, a atenção é direcionada unicamente para os riscos e oportunidades que impactam diretamente o desempenho financeiro da organização.
Em outras palavras, a pergunta central era: “Como os fatores externos afetam nossos lucros, nossas receitas e nossa saúde financeira?”.
Como exemplos práticos da materialidade tradicional, podemos destacar:
Essa abordagem, embora essencial para a gestão financeira, com o passar do tempo e das novas exigências, passou a se mostrar insuficiente para capturar a complexidade das interações entre a empresa e o ecossistema no qual está inserida.
Para contrapor a visão apenas financeira, surge o conceito de materialidade de impacto, que inverte a perspectiva e expande o olhar para os resultados externos das práticas de ESG.
Aqui, a pergunta central é: “Como a atividade da empresa afeta o meio ambiente, a sociedade e a economia?” Essa abordagem reconhece que as operações corporativas geram consequências que vão além das demonstrações financeiras, impactando parceiros, colaboradores, clientes, fornecedores, a comunidade ao redor e o meio ambiente.
Como exemplos práticos da materialidade de impacto, podemos destacar:
Dessa forma, a materialidade de impacto trouxe uma nova camada de responsabilidade às empresas, exigindo delas um olhar para de dentro para fora, considerando o bem-estar coletivo.
A dupla materialidade é, então, a integração natural e necessária da materialidade financeira e de impacto, promovendo o equilíbrio entre elas.
De acordo com o estudo “Dupla Materialidade: Uma nova perspectiva sobre a identificação dos temas materiais para a sua organização”, produzido pela consultoria PWC, “a dupla materialidade visa demonstrar como os riscos e as oportunidades podem ser materiais tanto do ponto de vista financeiro, como de impacto, ou seja, questões ou informações relevantes do ponto de vista ambiental e social podem ter consequências financeiras no presente ou no futuro das organizações”.
A PWC explica ainda que “a dupla materialidade é a união (em termos matemáticos, ou seja, união de dois conjuntos, não interseção) da materialidade de impacto e da materialidade financeira. Um tema ou informação de sustentabilidade atende, portanto, ao critério de dupla materialidade se for material do ponto de vista do impacto ou do ponto de vista financeiro ou de ambas as perspetivas.”.
Portanto, na dupla materialidade, não se trata de escolher entre uma ou outra perspectiva, mas sim de compreendê-las em conjunto:
Essa integração é fundamental e está baseada em diretrizes globais, como a ABNT PR 2030-2 (Publicação de Referência para Sustentabilidade Corporativa), que orienta as organizações na elaboração de relatórios de sustentabilidade.
Neste sentido, a PR 2030-2, alinhada com as melhores práticas internacionais de ESG, enfatiza a necessidade de as empresas considerarem ambos os lados da materialidade para uma avaliação completa e estratégica de seus impactos e riscos nas áreas ambientais, sociais e de governança.
A CSRD, por exemplo, exige que as empresas europeias divulguem informações detalhadas sobre seus impactos ambientais e sociais, e como esses impactos afetam seus negócios e valor.
Segundo a Global Reporting Initiative (GRI), o processo do relato de sustentabilidade “começa com a organização definindo seus temas materiais com base em seus impactos mais significativos e termina com a organização relatando publicamente informações sobre esses impactos.”
Dessa forma, a dupla materialidade traz mais robustez e direcionamento para os relatórios de ESG, oferecendo um olhar mais abrangente das ações e de seus impactos, possibilitando que a empresa se torne mais estratégica com:
Diante da importância e do papel da dupla materialidade para os relatórios e ações de sustentabilidade, podemos ver que ela transcende o status de uma simples ferramenta de reporte, representando uma mudança de paradigma na forma como as empresas percebem e gerenciam sua relação com o mundo.
Portanto, é preciso refletir, cada vez mais, sobre o propósito e o impacto das organizações, transformando a sustentabilidade de um mero custo em uma fonte de inovação, competitividade e resiliência.
Para as organizações que buscam se manter relevantes e responsáveis em um futuro cada vez mais interconectado, a dupla materialidade é mais do que uma tendência: é o novo padrão para a excelência em gestão de sustentabilidade.
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Fontes:
ABNT PR 2030-2:2024 Ambiental, social e governança (ESG)
Parte 2: Diretrizes para determinação da materialidade
Estudo de dupla materialidade: O que é e como implementar usando a estrutura da ABNT PR 2030-2