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Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável: o que as empresas precisam saber

6 de fevereiro de 2025 | 12min de leitura
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A Agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas), também conhecida como Plano de Ação Global para o Desenvolvimento Sustentável, é “um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade” com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável em três dimensões: econômica, social e ambiental.

Ela abrange 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), distribuídos entre as áreas econômica, social e ambiental, além de 169 metas a serem alcançados até 2030.

O acordo, assinado em 2015 pelos 193 estados-membros da ONU durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, realizada em Nova York, é uma referência quando se trata de pensar um futuro sustentável. Ele impacta diretamente as empresas, que precisam compreender como agir e o que fazer para atuar de forma responsável e comprometida com as novas problemáticas e diretrizes globais, dentre elas, a emergência climática.

A Agenda 2030 foi construída com base no princípio de “não deixar ninguém para trás”, buscando um equilíbrio entre crescimento econômico, inclusão social e proteção ambiental, e seus ODS abrangem temas como erradicação da pobreza, fome zero, saúde e bem-estar, educação de qualidade, igualdade de gênero, água potável e saneamento, energia limpa, trabalho decente, redução das desigualdades, cidades sustentáveis, consumo responsável, combate às mudanças climáticas, proteção dos ecossistemas e fortalecimento das instituições.

Sendo assim, preparamos este artigo para destacar a importância de acompanhar as mudanças no cenário global e os benefícios para as empresas, adotando práticas sustentáveis e inovadoras para cumprir todas as exigências. Acompanhe a leitura! 

A Agenda 2030 da ONU e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

A Agenda 2030 da ONU é composta por 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. São eles:

1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares;

2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável;

3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades;

4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos;

5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas;

6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos;

7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos;

8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos;

9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação;

10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles;

11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis;

12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis;

13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos;

14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável;

15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade;

16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis;

17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

A Agenda 2030 da ONU e a Mudança Climática  

Ao longo dos anos, durante as “COPs” (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), diversos acordos e protocolos foram discutidos e estabelecidos com o objetivo de fortalecer a resposta global às mudanças climáticas e aumentar a capacidade dos países para enfrentar seus impactos.

Um exemplo é o Acordo de Paris, aprovado na 21ª Conferência das Partes (COP21), em 2015, realizada em Paris, para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) no contexto do Desenvolvimento Sustentável.

Os principais pontos do Acordo de Paris são:

  • Manter o aumento da temperatura do planeta abaixo de 2°C, e, desejavelmente abaixo de 1,5°C;
  • Os países signatários se comprometeram a reduzir suas emissões e a se adaptar aos impactos das mudanças climáticas;
  • O Acordo de Paris entrou em vigor em 4 de novembro de 2016, após ser ratificado por pelo menos 55 países, que, juntos, representavam 55% das emissões mundiais de GEEs; Atualmente, 195 países aderiram ao acordo, incluindo o Brasil e os países da União Europeia;
  • Cada país estabeleceu os seus próprios compromissos, chamados de Contribuição Nacionalmente Determinada (NDCs);
  • O Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de GEEs em 37% em relação aos níveis de 2005 até 2025, e em 43% até 2030.

A redução das emissões de gases do efeito estufa é um dos temas mais relevantes para as empresas, desafiando-as a repensar seus modelos de produção e a adotar práticas mais sustentáveis, que estejam alinhadas com as atuais demandas da sociedade acerca das condições climáticas e com a responsabilidade com o futuro do planeta.

Para manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C, cerca de metade das reduções de emissões devem ser implementadas até 2030.

Em 2023, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu um acordo para zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050, durante as discussões sobre transporte marítimo em Londres.

Na ocasião, foi explicado que a navegação, que transporta cerca de 90% do comércio mundial e é responsável por quase 3% das emissões mundiais de dióxido de carbono, tem enfrentado apelos de ambientalistas e investidores para adotar ações mais concretas, incluindo a implementação de um imposto sobre carbono.

Em novembro deste ano, o Brasil se prepara para receber a COP 30 – a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, que será realizada em Belém, no Pará.

De acordo com estimativas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), é esperado um fluxo de mais de 40 mil visitantes durante os principais dias da Conferência.

Entre os principais temas que devem ser discutidos na COP 30 estão:

  • Redução de emissões de gases de efeito estufa;
  • Adaptação às mudanças climáticas;
  • Financiamento climático para países em desenvolvimento;
  • Tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono;
  • Preservação de florestas e biodiversidade;
  • Justiça climática e os impactos sociais das mudanças climáticas.

Setor empresarial e o Pacto Global da ONU

As diretrizes climáticas globais da ONU e as orientações para alcançar os objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que hoje são voluntárias, podem evoluir para mandatos regulatórios que impactarão diretamente em diferentes setores empresariais e, por isso, é fundamental que as companhias estejam preparadas.

Pois, quando se trata de mudanças sociais e globais, o setor empresarial exerce um papel crucial, já que é responsável pela produção de bens, serviços e comportamentos.

Diante da importância da atuação das organizações na sociedade e para coordenar as empresas de modo conjunto rumo a um progresso sustentável, surgiu o Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU).

Idealizado pelo seu ex-secretário geral, Kofi Annan, o pacto tem como objetivo “encorajar o diálogo entre empresas, governos, sociedade civil e demais componentes, aproximando-os pela busca do desenvolvimento de um mercado global mais justo, inclusivo e sustentável.

As diretrizes da iniciativa foram pensadas para serem aplicadas universalmente e atender diferentes setores da economia, independente da nacionalidade da organização. Considerada a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, o Pacto é composto atualmente por mais de 11 mil companhias de 156 países diferentes.”

No entanto, vale destacar que o Pacto Global não é um órgão regulador, um código de conduta obrigatório ou uma ferramenta para fiscalizar as políticas e práticas gerenciais. “Trata-se de uma iniciativa totalmente voluntária, aberta a qualquer instituição, orientadora de lideranças corporativas comprometidas com a promoção do crescimento sustentável.”

Entre os fatores que podem se transformar em mandatos obrigatórios podemos destacar:

  • Pressão pública e conscientização sobre mudanças climáticas;
  • Demandas por responsabilidade corporativa e sustentabilidade;
  • Necessidade de regulamentação coerente em nível global;
  • Avanços tecnológicos e econômicos favoráveis à sustentabilidade.

Quais os setores empresariais mais impactados pelas resoluções da ONU?

De uma forma ou de outra, toda a economia pode e deve ser afetada pelos compromissos firmados por um Desenvolvimento Sustentável. No entanto, há setores que podem ser impactados de forma mais acentuada.  Alguns deles são:

  • Energia: a transição para fontes de energia renovável e a redução das emissões de gases de efeito estufa são fundamentais para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
  • Agricultura: a promoção de práticas agrícolas sustentáveis, a redução do uso de agrotóxicos e a conservação da biodiversidade são essenciais para garantir a segurança alimentar e reduzir a pobreza.
  • Indústria: a adoção de práticas sustentáveis, a redução do consumo de recursos naturais e a implementação de tecnologias limpas são fundamentais para reduzir o impacto ambiental da indústria.
  • Transporte: a promoção de transporte sustentável, como o uso de veículos elétricos ou híbridos, e a melhoria da infraestrutura de transporte público são essenciais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
  • Construção civil: a adoção de práticas sustentáveis, como o uso de materiais reciclados e a redução do consumo de recursos naturais, é fundamental para reduzir o impacto ambiental da construção civil.

No Brasil, estão em vigor sete leis ambientais para empresas que tratam de obrigações voltadas à responsabilidade com a fauna e a flora. Com base nas resoluções e leis ambientais para empresas existentes hoje, podemos citar algumas ações ambientais obrigatórias para as empresas:

  • Obter licença ambiental, se a atividade da empresa for potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente;
  • Fazer o tratamento de efluentes antes do lançamento nos corpos hídricos receptores;
  • Implementar um plano de gerenciamento de resíduos sólidos;
  • Cumprir as medidas de segurança e regras de comercialização de agrotóxicos;
  • Não explorar áreas de preservação permanente e explorar reservas legais apenas com manejo sustentável;
  • Se utilizar recursos hídricos, obter outorga de direitos de uso;
  • Ocupar territórios urbanos com condições sanitárias adequadas e não ocupar áreas de preservação permanente;
  • Não cometer nenhum crime ambiental contra a fauna, flora, de poluição e outros crimes citados na  Lei Nº 9.605;
  • Pagar a Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental, se a atividade da empresa for potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente.

Como as empresas podem se preparar para as novas diretrizes climáticas?

Ajustar a rota para atender às novas necessidades climáticas é fundamental para qualquer empresa que deseja permanecer em atividade e em ascensão nos próximos anos.

Quem não olhar para a questão ambiental corre sério risco de ficar a ver navios. E a melhor maneira de evitar isso é se preparar desde já para os desafios que as mudanças climáticas e os órgãos responsáveis vão exigir dos negócios e da sociedade como um todo.

Assim, é preciso ter desde já uma visão estratégica sobre como se antecipar às mudanças e adotar práticas de sustentabilidade. Nesse sentido, destacamos a importância da implementação de medidas ESG e da inovação tecnológica.

Oportunidades e benefícios de aderir à agenda climática

Como vimos acima, ações voltadas ao meio ambiente podem render benefícios econômicos – economia na conta de energia -, além de reconhecimento por parte da sociedade – prêmios e preferência dos consumidores.

Aderir à agenda climática é uma forma de se colocar perante o mercado e uma forma de se destacar nos dias de hoje. Trata-se de uma atitude que demonstra comprometimento com a vida, com as pessoas, e que também repercute em saúde para a própria empresa.

Portanto, empresas que se posicionam na vanguarda da agenda climática tendem a cavar oportunidades importantes, como novos mercados – inclusive expansão para negócios no exterior -, melhor reputação corporativa, acesso a capital sustentável e redução de riscos financeiros e legais associados à falta de conformidade com as atuais e futuras regulamentações.

Se você deseja liderar essa transformação na sua empresa, conte com a Fundação Vanzolini e suas formações para a obtenção de certificações voltadas à sustentabilidade, às práticas empresariais responsáveis ​​e à gestão ambiental.

Fontes:

Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável

Rumo à COP 30

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ONU

O que é a Agenda 2030 da ONU e o que ela tem a ver com as mudanças climáticas?

ONU pede acordo para zerar emissões líquidas de carbono na navegação

O que é o Pacto Global da ONU?

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