Fundação Vanzolini

Games, educação e tecnologia

17 de junho de 2021 | 3min de leitura
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Por Aleksandra Zemker

GTE – Qual é o impacto da tecnologia na educação?

Eu acredito que a tecnologia vai modificar totalmente a educação e fará isso pois é algo que precisa ser feito e porque os jovens não vão mais aprender no papel, ter aulas escutando o professor falando. Eles necessitam de interação, e nós, como criadores de conteúdos educativos, competimos com o mercado de jogos. Todos os estudantes têm seus dispositivos móveis, e se não oferecermos algo interessante, eles vão começar a jogar, entrar no Facebook… Para ter impacto na mente dos jovens, temos de pensar que competimos com os melhores do mercado, ou senão não vamos fazer uma mudança.

GTE – Vivemos a era da “gameficação”. Introduzir jogos na educação é uma boa estratégia?

“Gameficar” o processo educativo, porém também fazê-lo mais interativo. E nem todos os jogos têm de ser para ganhar ou perder. Eu gostaria que todos jogassem, porém de forma colaborativa e também com o foco no que se aprende, e como melhorar as capacidades, e não em como ser melhor do que os amigos da classe.

GTE – O jogo criado por sua equipe acaba de ser premiado pelas Nações Unidas na categoria “Educação para Todos”. O que ele ensina?

Eu acredito que o sucesso do nosso jogo, o “Smile Urbo”, vem de algo muito simples, fácil de entender. Se não sabemos como colaborar e como trabalhar juntos para criar algo bom para todos, nunca teremos um mundo solidário; e o sucesso do nosso jogo também se deve ao fato de que nunca fizemos algo parecido na escola ou fizemos poucas vezes. Eu acredito que o sucesso do “Smile Urbo” está relacionado à seguinte reflexão: Por que não fazemos se podemos fazer jogando e nos divertindo? E é algo tão básico para a sociedade, que deveria ser feito dez vezes ao ano. Creio que a possibilidade do sistema educativo é a de formar pessoas capazes de trabalhar juntas, para melhorar o mundo, melhorar suas comunidades.

GTE – Você imagina o seu jogo presente nas escolas do Brasil?

Claro, eu imagino o meu jogo em todas as escolas do mundo, senão não colocaria tanta energia e minha equipe não trabalharia tanto se não tivéssemos essa visão. E me parece que é muito aplicável. É algo que me encantaria! Vendo estudantes que jogam e falando com eles, nos dá muita energia para saber que teremos de fazer o jogo chegar a mais lugares possíveis, porque vale a pena.

GTE – O que é inovação para você?

Eu acredito que inovação é utilizar maneiras simples de encontrar algo que falta, algo simples que se possa corrigir. Eu não vejo inovação como um processo muito complexo, porém como quem tem uma ideia, tem a postura de ver o mundo e pensar por que isso acontece, por que não fazemos nada com isso e como eu posso fazer isso? É um buscar os pontos em que se possa melhorar.

Aleksandra Zemker é polonesa, graduada em Sociologia pela Universidade de Varsóvia e em Resolução de Conflitos e Governança pela Universidade de Amsterdã. Criadora do game “Smile Urbo”, vencedor do World Summit Youth Award 2015 na categoria “Education for All”, premiação da ONU que reconhece projetos digitais com impacto social