Fundação Vanzolini

Integrar a Língua Brasileira de Sinais em videoaulas é reduzir barreiras de comunicação e uma das formas de garantir educação para todas e todos

 

Uma aceleração de anos em meses. No mundo pós-pandemia, o Ensino a Distância (EaD), que já vinha crescendo, se transformou impactado pela velocidade dos avanços tecnológicos e de necessidade, e se tornou uma importante alternativa para a democratização do aprendizado. Segundo uma pesquisa de consumo feita pelo Google, o interesse da população brasileira por um curso a distância saltou de 40% em 2020 para 78% em 2021.

 

Educação e Inclusão

Estudar em um ambiente digital traz autonomia, flexibilidade, alcance e uma responsabilidade pela busca por acessibilidade.

Se levarmos em conta a comunidade surda, por exemplo, estamos falando de um universo que corresponde a 2,3 milhões de pessoas com surdez profunda ou que não escutam, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E como garantir que essa população tenha acesso à educação de qualidade no ensino a distância e até mesmo que possa se integrar à lógica da aprendizagem constante – ou lifelong learning, como é mais conhecida em inglês –, cada vez mais exigida pelo mercado?

“A acessibilidade no formato EaD permite que tenhamos um processo com mais equidade no acesso e nas oportunidades da oferta de conteúdos para permitir que todos possam usufruir do conhecimento, ingrediente fundamental para a formação e consequente melhoria da qualidade de vida de qualquer indivíduo.”, afirma Stavros Xanthopoylos, executivo sênior da área de Gestão de Tecnologias em Educação da Fundação Vanzolini.

E quando falamos sobre acessibilidade, é importante chamar a atenção para o fato de que, muitas vezes, o uso de legendas em português não é o bastante. Segundo a Federação Mundial dos Surdos, 80% da comunidade surda mundial têm baixa escolaridade e problemas de alfabetização na língua oral de seu país, e no Brasil o cenário não é diferente.

Para muitos, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) é a sua principal forma de comunicação e expressão. É por meio da legenda e dos intérpretes de Libras que a acessibilidade se dá de forma efetiva para o grupo. Ou seja, investindo no modelo bilíngue.

“Os intérpretes são capazes de entender com precisão e fidelidade o que é dito em Português para traduzir para Libras e vice-versa, garantindo a comunicação fluida e efetiva entre as pessoas surdas e ouvintes”, explica Karina Zonzini, especialista em Educação Inclusiva. “Com a presença do intérprete, as pessoas podem compreender o conteúdo dos vídeos, ter acesso à informação e se comunicar de forma mais eficiente. Além disso, é uma maneira de assegurar que todos e todas tenham os mesmos direitos e oportunidades de acesso à informação e à educação”, completa, ao falar sobre a importância da língua de sinais.

 

Experiência que transforma

A Fundação Vanzolini, por meio da área de Gestão de Tecnologias em Educação, entre outras atuações, trabalha na elaboração de produtos para o Ensino a Distância. Começou a desenhar seus primeiros projetos e a incentivar que seus clientes estivessem atentos ao formato em um momento em que o mercado ainda não enxergava o mesmo potencial.

“A Vanzolini sempre esteve atenta às demandas e necessidades de acesso à educação, seja esta formativa ou continuada. Nós, como especialistas na área de tecnologia educacional, sempre soubemos o potencial do uso da EaD. Nossa vanguarda e a antecipação permitiram que todas as atuações da Fundação tivessem o seu foco no acesso ao conhecimento, seja em sua distribuição ou no formato, pois desta forma ele pode ter valor a quem necessita dele.

Assim, dentro de nossa atuação em projetos de EaD, sempre buscamos propor e desenvolver soluções efetivas em rede, conteúdos com acessibilidade integrados, por meio das nossas competências tecnológicas em infraestrutura, sistemas e operações de transmissão, além das acadêmico pedagógicas. Nossa missão incluiu sempre promover essa cultura do poder de democratização do conhecimento que a EaD traz”, complementa Xanthopoylos.

Atualmente, em alguns de seus clientes, a Fundação cuida de várias das etapas de produção dos conteúdos audiovisuais para as aulas gravadas e ao vivo, e tem um olhar para a acessibilidade.

Há mais de cinco anos, Karina Zonzini atua como intérprete de Libras em projetos da área com participação em videoaulas para o Detran/SP, conteúdos formativos para o Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo (Cate), para a Secretaria Estadual da Educação de São Paulo (Seduc/SP), entre outras iniciativas.

 

Centro de Mídias de São Paulo

A expertise da Fundação no EaD, considerando escala, impacto e acessibilidade, pode ser identificada em projetos como o do Centro de Mídias de São Paulo (CMSP), ligado à Secretaria Estadual da Educação, que viabilizou o ensino remoto para cerca de 5 milhões de estudantes das redes estadual e municipais de ensino durante o período da pandemia de Covid-19.

“No começo, trabalhávamos como intérpretes em duas ou três aulas diárias, mas, quando nos demos conta, estávamos com mais de vinte aulas todos os dias, compondo uma grande equipe”, relembra Karina.

Ela é responsável pela coordenação do time de intérpretes de Libras do projeto, que chegou a contar com trinta profissionais, garantindo a acessibilidade a todos os conteúdos produzidos.

Atualmente, o CMSP segue como um grande repositório de conteúdo, que pode ser acessado por alunos do Ensino Fundamental ao Médio. Também traz uma programação ao vivo de formação continuada para os professores da rede pública. Todos os materiais têm o olhar dedicado à acessibilidade.

“É proporcionar acesso, pertencimento, oferecer educação de qualidade, dar dignidade e, acima de tudo, tornar a sociedade mais justa e igualitária, beneficiando a todos”, explica Karina sobre a importância dos vídeos acessíveis, em especial no contexto da Educação.

“A Fundação Vanzolini faz parte de um marco importante com sua atuação no maior sistema público de ensino do mundo, não só no ensino, mas também na capacitação e formação continuada dos professores do sistema.

Nosso desejo é replicar esse projeto em outros sistemas públicos de ensino com a certeza que a competência construída e a experiência adquirida em mais de duas décadas de atuação poderá propiciar ambiente de maior efetividade e melhoria da qualidade da aprendizagem e da capacitação dos professores. A Vanzolini orgulha-se de fazer parte desses projetos”, conclui Xanthopoylos.

Conheça os produtos oferecidos pela área de Gestão de Tecnologias em Educação da Fundação Vanzolini.

São Paulo já possuía a maior rede pública de ensino do Brasil, um colosso com números maiores que os de muitos países. Com o apoio da Fundação Vanzolini, ganhou também a maior estrutura de tecnologia educacional na América Latina.

A educação pública do Estado de São Paulo tem números de país. São 4,5 milhões de alunos, mais que a população do Uruguai ou da Islândia. Nas escolas, atuam 430 mil professores e agentes educacionais, 10 vezes a população de Mônaco. Tudo é desafio, na gestão desse gigante. Mas, no início deste século, parecia ainda mais.

O avanço rápido da tecnologia digital e ampliação do acesso aos computadores, entre os atores da cena educacional, exigiam mudanças nas formas de ensinar e aprender. Os professores precisavam urgentemente de formação continuada, no uso das Tecnologias de Informação e Comunicação. Os alunos demandavam novas práticas educativas para a aprendizagem.

Como atender a essas necessidades, sem afastar o professor da sala de aula? Como alavancar o protagonismo desse grande contingente de pessoas, de maneira simultânea e coordenada? Como chegar às diretorias de ensino, distribuídas em 91 pontos de um Estado composto por 645 municípios e mais de 5 mil escolas?

O novo século começava sob a égide das Tecnologias de Informação e Comunicação. Era preciso capacitar professores e alunos para aproveitar os seus recursos.

Contratada pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em 2003, a Fundação Vanzolini apoiou a implementação de uma rede apoiada nas TICs, com mídias interativas, videoconferências e ambientes colaborativos na internet. Conectou todas as diretorias de ensino, dotando cada uma de meios de transmissão e recepção. Chegou a todos os professores da rede, permitindo o desenvolvimento de programas de formação continuada, centrado em cursos, palestras de grandes educadores, atividades pedagógicas e reuniões periódicas com a secretaria. Os professores não precisaram se afastar dos alunos. Aprenderam a usar a tecnologia, a interagir remotamente com os colegas, a repensar a escola e a buscar novas soluções de aprendizagem.

Batizada de Rede do Saber, essa estrutura tecnológica passou a ser coordenada pela Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação. Com o isolamento social imposto pela pandemia e a introdução compulsória do ensino remoto, a a infraestrutura da Rede do Saber foi mobilizada na criação do Centro de Mídias de São Paulo — uma poderosa unidade de produção de videoaulas e atividades pedagógicas. para professores e alunos. É a maior rede pública com essa finalidade na América Latina.

MILHARES DE ATENDIDOS, MILHÕES DE HORAS DE TRABALHO

Em 2021, a Rede do Saber atingiu a maioridade, como projeto de uso de tecnologias em educação.

Em 2019, essa grande rede com soluções tecnológicas convergentes realizou mais de 80 ações de formação continuada, para 669 mil profissionais da Educação.

A pandemia impôs a suspensão das aulas presenciais na escola e os mais de 4 milhões de alunos da rede estadual paulista não podiam ficar sem estudar. A Fundação Vanzolini ajudou a implementar o modelo de ensino mediado por tecnologias

Em 13 de março de 2020, com a pandemia do coronavírus chegando ao país, o Governo de São Paulo tomou uma decisão difícil. Anunciou que suspenderia as atividades presenciais nas 5.200 escolas públicas estaduais, para evitar os riscos de contágio direto de quase 5 milhões de pessoas, entre professores, alunos e agentes escolares. Isso, sem contar os seus familiares, que também ficariam expostos. Até segunda ordem, o governo determinou: a escola agora seria remota e online.

Nunca houve uma situação como essa na educação paulista. Nunca houve uma mudança tão brusca no modelo de ensino e não era possível estimar os seus desdobramentos. Mas era possível antever os impactos operacionais e a urgência de enfrentá-los.

A ordem foi taxativa: suspender as aulas presenciais nas escolas para preservar a saúde de alunos, professores, gestores e familiares. Não havia tempo a perder, para implementar o maior programa de ensino mediado por tecnologia no Brasil.

As aulas teriam de ser repensadas para o contexto digital. Os professores precisariam de apoio para produzir roteiros, familiarizar-se com a câmara e gravar as suas videoaulas. Os conteúdos da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental exigiriam recursos gráficos e uma dinâmica especial. As aulas produzidas em estúdio requeriam um corpo técnico para gravar, editar e transmitir. Os desafios eram muitos.

Para fazer a transição ao ensino digital, a Secretaria da Educação absorveu a infraestrutura tecnológica instalada na EFAPE-Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação e criou o Centro de Mídias-SP. A Fundação Vanzolini foi chamada a contribuir, com a experiência que possui em soluções educacionais e no uso das Tecnologias de Informação e Comunicação. A encomenda foi a de pré-produzir 40 aulas por dia e preparar 20 horas semanais de material formativo para os professores. O conteúdo seria veiculado por meio de aplicativos, redes sociais e televisão.

Educar-se para o trabalho é uma urgência para o enorme contingente de jovens e adultos que buscam emprego. A cidade de São Paulo deu prioridade a esse assunto, com a Fundação Vanzolini como parceira.

Vivemos numa época tecnológica, transformadora e cada dia mais exigente. As mudanças que ela traz são estruturais. Mexem com os costumes, criam necessidades, descartam outras, exigem novos conhecimentos e habilidades. Por vezes, cria-se o inusitado no mercado de trabalho. Vagas não são ocupadas por falta de mão de obra qualificada, enquanto as pessoas se qualificam em funções que estão sendo extintas.

Uma pesquisa da CNI-Confederação Nacional da Indústria mostrou que 96% das empresas industriais reclamam da baixa qualificação dos trabalhadores na hora de contratar. Apenas 9,7% dos alunos do Ensino Médio se matriculam em cursos profissionalizantes. Enquanto em Portugal, na França e na Dinamarca, esse índice é superior a 40% e em países como a Áustria e a Finlândia, supera os 70%.

Baixa escolaridade, falta de conhecimentos de informática, pouca ou nenhuma experiência. Milhares de jovens procuram emprego, mas não conseguem, por essas limitações.

Em 2018, na cidade de São Paulo, um tripé de limitações excluía do mercado de trabalho quase 500 mil jovens de 16 e 24 anos: baixa escolaridade, falta de conhecimentos de informática, pouca ou nenhuma experiência. Na mesma época, outra parcela equivalente de paulistanos, sem limite de idade, mas igualmente vulnerável, também procurava emprego.

Os números da Fundação Seade mostravam uma realidade que podia ser transformada com o fortalecimento da qualificação profissional. Foi quando a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho decidiu incrementar o atendimento aos cidadãos que buscavam orientação e inserção no mercado. Uma política pública relevante que contou com o apoio da Fundação Vanzolini.

As ações focaram o Centro de Apoio ao Trabalho e Empreendedorismo, o CATE. Além de potencializar programas de qualificação profissional e empreendedorismo, a secretaria inovou ao implantar uma plataforma de ensino à distância, ofertando cursos para os mais diversos públicos, sem necessidade de deslocamento para uma sala de aula.

A Fundação Vanzolini desenvolveu um portal e um Ambiente Virtual de Aprendizagem com repositório de cursos, vídeos e meios de interação com os jovens. A frente de Sistemas criou ferramentas de apoio à gestão educacional e outra, composta de educadores, modelou o conteúdo dos cursos para a transposição em EaD e fez a curadoria de acervos de parceiros. Mais uma frente, formada por profissionais de comunicação, produziu vídeos educativos, videoaulas e reportagens pautadas nos segmentos com maior propensão de gerar vagas de trabalho.

A Vanzolini também desenvolveu peças animadas para atrair o público via WhatsApp e produziu chamadas, que foram veiculadas nas mídias eletrônicas dos transportes públicos.

DEZENAS DE CURSOS, PARA MILHARES DE INTERESSADOS

Em dezembro de 2019, o Portal do Cate foi aberto ao público com 72 cursos de qualificação profissional em vários campos: Gestão; Empreendedorismo e Trabalho; Economia Criativa; Saúde e Bem-estar; Meio ambiente e Sustentabilidade; Tecnologia; e Gastronomia.

Com a nova prestação de serviços, o portal registrou 680 mil acessos no primeiro semestre de 2020. O isolamento social imposto pela pandemia ampliou a procura dos cursos a distância, que tiveram 60 mil interessados e 19 mil inscritos.

Segundo a OCDE-Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, qualificar profissionais, regulamentar o mercado de trabalho e inovar são condições básicas para sustentar a economia do Brasil nos próximos 50 anos e a cidade de São Paulo enfrenta o desafio com apoio da Fundação Vanzolini.