Por Rodrigo Franco
Vou dar um spoiler: é claro que consegue. Para aqueles que se satisfazem facilmente, podem parar por aqui. Para aqueles que realmente estão dispostos em empreender e que não aceitam spoilers, continuem comigo.
Startups são a nova grande tendência, estão em todo lugar e até os publicitários já descobriram o mundo dessas empresas inovadoras e o assunto agora está na mesa do bar. Tudo isso são sinais de que esse tipo de negócio veio para ficar. Os brasileiros já deixaram claro que querem abrir o seu próprio negócio, e sua vontade agora é se tornar um “founder” (fundador).
Montar uma startup é difícil? É claro que é. Mas trago uma boa notícia: não é mais difícil que fazer qualquer coisa incrível e de impacto na sua vida. Empreender, por si só, já é assumir riscos e saber gerenciar adversidades. Quando se trata de startups, a coisa vai além: é preciso reaprender a começar para enfrentar o novo contexto de mundo, pois ainda há um abismo enorme entre vontade e capacidade. Ou seja, não dá para apenas querer, é preciso buscar novas capacidades e aprender todo dia.
Montar uma startup é para todo mundo, mas não é para qualquer um
As empresas inovadoras de hoje são ágeis, rápidas, dominam tecnologia e muito, mas muito mais importante: sabem tudo sobre seu cliente. Falando assim, parece que as startups começam com boa vantagem. E começam, é verdade, mas como atingir esse patamar de eficácia e eficiência em pouco tempo? Como elas fazem? Com um segredo: tem muito mais a ver com mentalidade, atitude e ferramentas do que a gente pensa.
Pra começar, existem dois tipos de empreendedores. A pesquisadora Sara Sarasvathy explica em um estudo os conceitos de Causation (“causalidade”) e Effectuation (“efetuação”).
Existem empreendedores que seguem uma receita de bolo, correndo atrás dos ingredientes para atingir um objetivo. Em geral, esse tipo de empreendedor quer montar um negócio semelhante a um existente que seja um modelo de sucesso. Essa é a causalidade, um tipo de empreendimento que vemos aos montes. Pense num bar, ou em um escritório de contabilidade, o problema dessa lógica é que o fundador, ao se deparar com a falta de um “ingrediente”, entra em pânico quando seu negócio passa por dificuldades . Isso por que ele não acha meios de atingir seus objetivos e a confiança na sua capacidade de empreender começa a afundar. No fim, ele está tentando repetir algo que já deu certo, sem saber ao certo como e por que deu certo.
O tipo de empreendedor que se dá bem em startups é o que segue a efetuação. É aquele que, ao fazer o bolo, em vez de seguir uma receita, pergunta para o cliente o que ele quer e se vira com os ingredientes que tem para criar algo que o satisfaça.
Portanto, se você realmente acha que sabe rodar um negócio, use as ferramentas que tem e corra atrás do que não tem. De acordo com a evolução do projeto, é mais provável que consiga fazer algo não planejado que entregue valor para as pessoas de uma forma crescente e relevante. Para startups, o “não planejado” pode ser a diferença entre continuar ou terminar um negócio. Com a efetuação, o fundador sabe exatamente por que faz, o que faz e ajusta a receita a cada momento.
Separamos algumas características básicas de um empreendedor de startup. Não é uma ou outra dessas atitudes e características que fazem a diferença, mas a combinação delas:
- Senso de oportunidade: Enxergar espaços onde é possível criar valor é característica de um bom empreendedor. E não estou falando apenas da oportunidade em “gerar dinheiro”. Se você busca apenas oportunidades para gerar dinheiro, está resolvendo um problema seu e não do seu cliente. Um empreendedor deve procurar por boas oportunidades de trabalhar resolvendo problemas de mercado. Se fizer isso, há boas chances de ter espaço para crescer.
- Obsessão pelo cliente: Isso não significa que o cliente sempre tem razão. Significa entender em detalhes as razões do cliente: por que ele faz o que faz ou pede o que pede? Qual foi a última vez que você ouviu até o fim alguém reclamar de algo ou contar uma história sobre um problema ou situação que viveu?
- Resiliência: A sorte não sorri para o empreendedor desde o começo. Esse sorriso é algo que tem que ser conquistado. Acreditar na visão e saber encontrar meios para desviar dos obstáculos e voltar para o caminho é fundamental para o sucesso.
- Articulação de pessoas: A imagem de um empreendedor solitário, um gênio que conquistou seu sucesso com seu próprio suor é um mito. Teve toda uma equipe que ajudou a construir, acreditou no projeto, apoiou as decisões, abriu portas e teve gente que comprou o produto ou serviço. Articular todas essas pessoas é uma das tarefas mais importantes como empreendedor.
- Criatividade: Você tem medo de experimentar? Prefere seguir receitas de sucesso? Pois saiba que o caminho do empreendedor demanda muito improviso, soluções não planejadas e jogo de cintura.
Como saber se eu consigo criar uma startup do zero? Como saber quais os primeiros passos? A busca por essas respostas é só o começo da jornada. Não dá pra parar por aí! Esse tipo de entendimento e prática tem a ver com mentalidade, atitude, ferramentas e vontade de experimentar.
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Sobre o autor
Rodrigo Franco é professor, designer, consultor e mentor em empreendedorismo e inovação com experiência em educação, facilitação coletiva, mentoria de startups e design estratégico para negócios, produtos e serviços. Diretor de Serviços de Inovação da empresa CAOS Focado, atua com empresas e universidades para expandir o potencial de inovação de seus ecossistemas.
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